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Comissão deve procurar ossadas no Araguaia
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva assinará um decreto criando
uma comissão interministerial
que terá como atribuição localizar
os corpos de militantes do PC do
B que participaram da guerrilha
do Araguaia -movimento armado combatido pelo Exército entre
1972 e 1975, no sul do Pará e no
norte do Tocantins.
Composta pelos ministros José
Dirceu (Casa Civil), Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Nilmário
Miranda (Direitos Humanos), José Viegas (Defesa) e Álvaro Ribeiro da Costa (Advocacia Geral da
União), a comissão terá quatro
meses, renováveis por mais dois,
para reunir os elementos necessários à localização dos corpos de 61
militantes desaparecidos.
Serão requisitados aos militares
documentos relativos às ações de
repressão aos guerrilheiros. Nos
últimos anos, o Alto Comando do
Exército tem sistematicamente
negado a existência de arquivos
sobre o episódio.
O modelo do decreto foi discutido pelos ministros Bastos e Dirceu com o presidente Lula na última sexta-feira.
Já existe uma comissão especial
que tem entre suas atribuições a
de localizar as ossadas dos militantes. A opção de criar um grupo
paralelo, no âmbito do governo, é
um antídoto político para conter
os possíveis efeitos institucionais
decorrentes da decisão da juíza federal Solange Salgado, que, em julho, acolhendo pleito dos familiares dos guerrilheiros apresentado
em 1982, determinou a abertura
dos arquivos do Exército relacionados ao Araguaia.
A União apresentou um recurso
parcial contra a decisão, levando
o caso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O governo reconheceu o direito dos parentes de,
ao localizar os corpos dos guerrilheiros, enterrá-los dignamente.
Mas afirmou que, quanto aos arquivos, a juíza teria ordenado algo
além do que fora pedido.
Para os militares, tratar com
uma comissão oficial seria mais
palatável que cumprir uma decisão judicial. Com o decreto, o governo espera contar com a boa
vontade dos militares, sinalizando que não haverá revanchismo.
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