São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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entrevista

"Não faria nada diferente", diz Erasmo Dias

DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel reformado Erasmo Dias, 83, diz que, se fosse preciso voltar no tempo, "não faria nada diferente":  

FOLHA - Por que o senhor invadiu a PUC?
ERASMO DIAS
- "Eles [os estudantes] queriam transformar a reorganização da UNE em notícia. Tinham tentado 11 vezes em São Paulo e eu, modéstia à parte, tive êxito de abortar a ação. Conseguiram na PUC. Estavam na ilegalidade e atos públicos eram proibidos. Era subversão dentro de um templo da igreja. Pedi à reitoria que interrompesse o ato. Não me obedeceram, e eu disse: vou invadir essa PUC aí.

FOLHA - O senhor foi acusado de excesso de violência.
DIAS
- Só usamos gás lacrimogêneo para fazer chorar e água fria pra esfriar a cabeça: são coisas ótimas para quem está de cabeça inchada.

FOLHA - Mas algumas moças ficaram queimadas.
DIAS
- Pelo menos 80% dos estudantes eram mulheres. Se havia mais homens que isso, estavam fantasiados. Mulher não sabe correr de bomba e usa calça e sutiã de lycra, que são altamente inflamáveis. Além disso os corredores da PUC são muito estreitos. Esses parâmetros tornaram a coisa quase incontrolável. Fui investigado e absolvido. O episódio terminou sem outras conseqüências.

FOLHA - Tem alguma mágoa?
DIAS
- No ano seguinte, minha filha foi aprovada no vestibular de direito da PUC. Na matrícula ela foi humilhada por estudantes que descobriram de quem se tratava. Hoje, graças a Deus, é advogada formada pelo Mackenzie.

FOLHA - O senhor, se voltasse no tempo, faria diferente?
DIAS
- Não faria nada diferente. Provei que o ato era um foco subversivo. Fiz a mesma coisa com bandidos.


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