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entrevista
"Não faria nada diferente", diz Erasmo Dias
DA REPORTAGEM LOCAL
O coronel reformado Erasmo Dias, 83, diz que, se fosse
preciso voltar no tempo,
"não faria nada diferente":
FOLHA - Por que o senhor invadiu a PUC?
ERASMO DIAS - "Eles [os estudantes] queriam transformar a reorganização da UNE
em notícia. Tinham tentado
11 vezes em São Paulo e eu,
modéstia à parte, tive êxito
de abortar a ação. Conseguiram na PUC. Estavam na ilegalidade e atos públicos eram
proibidos. Era subversão
dentro de um templo da igreja. Pedi à reitoria que interrompesse o ato. Não me obedeceram, e eu disse: vou invadir essa PUC aí.
FOLHA - O senhor foi acusado de
excesso de violência.
DIAS - Só usamos gás lacrimogêneo para fazer chorar e
água fria pra esfriar a cabeça:
são coisas ótimas para quem
está de cabeça inchada.
FOLHA - Mas algumas moças ficaram queimadas.
DIAS - Pelo menos 80% dos
estudantes eram mulheres.
Se havia mais homens que isso, estavam fantasiados. Mulher não sabe correr de bomba e usa calça e sutiã de lycra, que são altamente inflamáveis. Além disso os corredores da PUC são muito estreitos. Esses parâmetros tornaram a coisa quase incontrolável. Fui investigado e absolvido. O episódio terminou
sem outras conseqüências.
FOLHA - Tem alguma mágoa?
DIAS - No ano seguinte, minha filha foi aprovada no vestibular de direito da PUC. Na
matrícula ela foi humilhada
por estudantes que descobriram de quem se tratava. Hoje, graças a Deus, é advogada
formada pelo Mackenzie.
FOLHA - O senhor, se voltasse no
tempo, faria diferente?
DIAS - Não faria nada diferente. Provei que o ato era
um foco subversivo. Fiz a
mesma coisa com bandidos.
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