DA REPORTAGEM LOCAL

"Cada agonia no seu dia." Foi assim que a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), comentou a eventual falta de recursos do BNDES para a liberação dos R$ 493,8 milhões do empréstimo firmado com a cidade para a reforma do sistema de transporte.
Marta referia-se ao processo anterior à liberação dos recursos, que é a aprovação da operação pelo Senado. Antes de ir a plenário, a análise da operação de crédito da prefeitura com o banco é analisada pela Comissão de Assuntos Econômicos, que suspendeu a votação anteontem devido a um pedido de vista liderado pelo senador Almeida Lima (PDT-SE). O exame ficou para terça-feira.
Ocorre que, na reunião da comissão, o presidente do BNDES, Carlos Lessa, disse que o banco não tem como emprestar "nem um tostão" para a prefeitura.
"Não penso nisso ainda. Cada agonia no seu dia", afirmou a prefeita sobre as declarações de Lessa. "Terça-feira vai ser votada a liberação e aí nós vamos focar esse segundo problema, se de fato ele existir", completou a prefeita, que apresentou ontem à imprensa o programa do 22º Congresso da Internacional Socialista, que ocorrerá na semana que vem na cidade de São Paulo.
Senadores do Nordeste têm marcado posição contra a liberação da verba. Alegam que a cidade já extrapolou a capacidade de endividamento estipulada por resolução do Senado, que fixou como limite 1,2 vez a receita corrente líquida (exclui a contribuição de servidores para a Previdência) das prefeituras. Segundo o Tesouro, São Paulo já tem uma relação dívida/receita corrente de 2,4 vezes.
A prefeitura diz que a obtenção do empréstimo consta da renegociação da dívida feita pelo ex-prefeito Celso Pitta com o governo de Fernando Henrique Cardoso. No contrato, a operação de crédito com o BNDES foi excluída do cálculo do limite da dívida.
(JULIA DUAILIBI)


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