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Legista encontra
discrepância em
fotos divulgadas
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O professor de medicina legal
da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Nelson
Massini, diz haver indícios de
que não é Vladimir Herzog a
pessoa retratada nas fotos divulgadas nessa semana como
sendo do jornalista quando
preso pela ditadura.
A pedido da Folha, Massini
comparou as fotos com a imagem de Herzog feita após sua
morte, no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações
de Defesa Interna). Encontrou
diferenças na massa corporal
dos retratados, na calvície e na
distribuição de pêlos.
O especialista, que atuou em
casos como o massacre de Eldorado do Carajás (PA) e a
morte de 12 integrantes da facção criminosa PCC, em 2002,
na rodovia senador José Ermírio de Moraes (a Castelinho),
em São Paulo, faz no entanto a
ressalva de que os poucos elementos à disposição para a
análise e o relato da viúva do
jornalista, Clarice, que afirma
ter certeza de ser seu marido
em pelo menos uma das fotos,
levam-no a não poder afirmar
definitivamente se o retratado é
ou não Herzog.
"O que fala mais forte é que o
corpo, a massa corporal, é diferente em relação ao Herzog,
que é mais magro", diz. Massini também vê diferença na
"distribuição de pêlos". "Na foto em que o sujeito aparece
sentado de lado, parece que
não tem pêlo", diz. Para o legista, há ainda discrepâncias nos
tipos de cabelo e de calvície.
O ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) disse
ontem que o fato de as fotos divulgadas pela imprensa não serem do jornalista Vladimir
Herzog "não diminui em nada
a importância dos fatos". Segundo ele, "mesmo que as fotos sejam de outra infâmia, são
duas infâmias".
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