São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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Legista encontra discrepância em fotos divulgadas

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor de medicina legal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Nelson Massini, diz haver indícios de que não é Vladimir Herzog a pessoa retratada nas fotos divulgadas nessa semana como sendo do jornalista quando preso pela ditadura.
A pedido da Folha, Massini comparou as fotos com a imagem de Herzog feita após sua morte, no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna). Encontrou diferenças na massa corporal dos retratados, na calvície e na distribuição de pêlos.
O especialista, que atuou em casos como o massacre de Eldorado do Carajás (PA) e a morte de 12 integrantes da facção criminosa PCC, em 2002, na rodovia senador José Ermírio de Moraes (a Castelinho), em São Paulo, faz no entanto a ressalva de que os poucos elementos à disposição para a análise e o relato da viúva do jornalista, Clarice, que afirma ter certeza de ser seu marido em pelo menos uma das fotos, levam-no a não poder afirmar definitivamente se o retratado é ou não Herzog.
"O que fala mais forte é que o corpo, a massa corporal, é diferente em relação ao Herzog, que é mais magro", diz. Massini também vê diferença na "distribuição de pêlos". "Na foto em que o sujeito aparece sentado de lado, parece que não tem pêlo", diz. Para o legista, há ainda discrepâncias nos tipos de cabelo e de calvície.
O ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) disse ontem que o fato de as fotos divulgadas pela imprensa não serem do jornalista Vladimir Herzog "não diminui em nada a importância dos fatos". Segundo ele, "mesmo que as fotos sejam de outra infâmia, são duas infâmias".


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