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ECOS DO REGIME
Presidente quer que chefe do Gabinete de Segurança Institucional espere até reforma ministerial no fim do ano
Desprestigiado, Félix pede demissão a Lula
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República, general Jorge Armando Félix, 65, pediu demissão
nesta semana ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que lhe fez
um pedido: esperasse até a reforma ministerial do fim do ano.
Conforme a Folha apurou, Félix
alegou que estava se sentindo desprestigiado e atropelado pelo chefe da Abin (Agência Brasileira de
Inteligência), delegado Mauro
Marcelo. Apesar de funcionalmente subordinado a Félix, Marcelo tem despachos diretos com o
chefe da Casa Civil, José Dirceu, e
com o próprio Lula.
A insatisfação de Félix vem desde maio, quando Lula decidiu
mudar a direção da Abin, tirando
Marisa Del'Isola Diniz e nomeando Marcelo. Em vez de deixar a escolha a critério do general, Lula
escolheu Marcelo, que é delegado
da Polícia Civil, e destacou Félix
para ir a São Paulo conhecê-lo e
formalizar o convite.
Amigo de Lula há muitos anos,
Marcelo costuma conversar com
o presidente inclusive nos finais
de semana. Félix se queixou disso
a interlocutores, considerando
quebra de hierarquia.
Na avaliação do Planalto e de
outros setores do governo, Marcelo está adaptando a estrutura e
os quadros da Abin aos "novos
tempos", ou seja, promovendo
mudanças operacionais e substituindo antigos agentes e militares.
A função do GSI -antiga Casa
Militar- é cuidar da segurança
da Presidência. Subordinados à
pasta estão a Abin, a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e a
Seae (Secretaria de Estudos e
Acompanhamento Estratégico),
o gabinete de crises do governo.
A Abin tem a função de manter
o presidente informado sobre assuntos estratégicos e mantém arquivos oriundos da época da ditadura militar, por exemplo.
Segundo apurou a Folha, a idéia
do governo é fortalecer a Abin,
vinculando-a diretamente à Presidência. Marcelo assumiu a
agência se comprometendo a
"modernizá-la": retirar a imagem
de "arapongagem" que o órgão
tem desde a época do SNI (Serviço Nacional de Informações).
Em razão da crise desta semana
por conta de uma nota do Exército enaltecendo a ditadura militar,
ontem havia rumores de que um
dos cotados para substituir Félix
seria o comandante da Força, general Francisco Albuquerque.
Assumindo o GSI, ele deixaria
de ser subordinado ao Ministério
da Defesa e passaria a responder
diretamente ao presidente da República. Esses rumores, porém,
não se confirmaram.
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