São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vaticano divulga milagre do 1º santo nascido no Brasil

Sucesso de parto de mulher com má formação no útero, e que já havia passado por três abortos, é atribuído ao frei Galvão

Canonização de franciscano nascido em Guaratinguetá (SP) deve ocorrer em maio, na visita do papa; até lá, frei segue cultuado como beato

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Vaticano divulgou ontem o milagre que fez de frei Galvão o primeiro santo nascido no país. A Santa Sé aceitou como inexplicável o nascimento de um garoto em 1999, na cidade de São Paulo, e atribuiu o sucesso do parto ao frei franciscano Antônio de Sant'Anna Galvão (1739-1822).
A mãe do menino, Sangra Grossi de Almeida, hoje com 37 anos, sofre de uma má formação no útero. Até o nascimento do filho, Sandra passou por três abortos -não havia espaço para a criança se desenvolver. Ela sofria com o "útero bicorde".
Em maio de 1999, Sandra ficou grávida de novo e se submeteu a uma "cerclagem cervical", método usado pelos médicos para prevenir, sem certeza de sucesso, o nascimento prematuro de bebês.
Segundo o documento enviado à Santa Sé, a ginecologista Vera Lucia Delascio Lopes avisou a paciente de que a gravidez era de altíssimo risco. Havia chances de hemorragia durante a gestação. O mais provável, segundo a ginecologista, era de que a gravidez fosse interrompida no quinto mês. Se houvesse parto, a paciente poderia morrer. "Resolvi tentar, mesmo sabendo que a gravidez tinha poucas chances de dar certo", disse Sandra à Folha.
Frei Galvão entra na história a partir de uma amiga da beneficiada pelo milagre. Alberta Ono apresentou a Sandra, logo no começo da gravidez, as pílulas de frei Galvão. Essas pílulas são pequenos pedaços de papel de arroz grafados com uma inscrição em homenagem à Virgem Maria e são ingeridas em situações de emergência. "Na primeira novena, quando tomei a primeira pílula, estava tendo sangramento e pedi para não ter mais. A partir daquela dia, não sangrei", disse Sandra.
A gravidez durou até o oitavo mês. O menino nasceu por meio de uma cesariana no dia 11 de dezembro de 1999 e ficou em observação até o dia 19. Depois, mãe e bebê receberam alta, sem lesão alguma.
Hoje, a família vive em Brasília. "Quem me viu grávida, sabe que realmente é um milagre", disse. "Sempre fui muito apegada a Nossa Senhora Aparecida. Se Deus quiser, agora vou lutar para ter uma paróquia de frei Galvão aqui em Brasília."

Canonização
No dia 16 deste mês, o papa reconheceu o milagre e autorizou a publicação do decreto de canonização do frei paulista, nascido na cidade de Guaratinguetá e fundador do Mosteiro da Luz, em São Paulo.
A data e o local da canonização só devem ser conhecidos no final de janeiro. O mais provável, segundo religiosos, padres e bispos ouvidos pela Folha, é que ocorra em maio, na vinda do papa ao Brasil. Segundo essas pessoas, não é coincidência o anúncio da canonização combinar com os preparativos da visita de Bento 16. Até lá, o frei segue cultuado como beato.


Texto Anterior: Governadores do Sudeste se unem em pedidos a Lula
Próximo Texto: Campo minado: Quilombolas fazem protesto contra Vale
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.