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Cearenses esperam patrocínio
da Agência Folha, em Icapuí (CE)
A idéia de fazer com que o Ceará
seja reconhecido como o local da
chegada de Pinzón une professores e historiadores que estudam o
assunto no Estado.
Para os historiadores Geraldo
Nobre e Francisco José Pinheiro,
trata-se de admitir um fato comprovado com documentos históricos e que, até o momento, foi
oficialmente ignorado.
"É importante que a história
possa ser contada por completo, e
não apenas aos pedaços, o que interessa aos colonizadores", afirma Nobre, considerado um dos
maiores nomes da área no Estado.
"Até porque a história do Ceará
começou tarde, só no século 17,
por causa das terras improdutivas
e das chuvas escassas; seria importante que esse pedaço da passagem dos espanhóis antes de Cabral, pouco divulgado, fosse mais
conhecido", afirma.
Num dos locais onde Pinzón
pode ter aportado pela primeira
vez, a praia de Ponta Grossa (em
Icapuí), a maioria dos 200 habitantes não sabe nada do assunto.
A prefeitura da cidade não pretende comemorar os 500 anos da
chegada de Pinzón, em 26 de janeiro. "Só faremos alguma coisa
se surgir um patrocínio", disse o
secretário municipal de Turismo,
Luís Oswaldo Santiago de Souza.
O que é certo, segundo ele, é a
construção de um monumento
na praia de Ponta Grossa em homenagem à data.
A praia continua praticamente
da mesma forma como há 500
anos. Há apenas quatro anos recebeu energia elétrica e, há pouco
mais de dois, passou a ter uma estreita estrada de terra para a chegada de turistas.
Logo na entrada da praia, uma
placa avisa: "Gostamos de tranquilidade". Para evitar que essa
"tranquilidade" seja ameaçada, os
moradores formularam algumas
regras, entre elas a de proibir que
se venda terreno ou casa a uma
pessoa de fora. "Aqui não existe
especulação imobiliária, não tem
prostituição, roubo. Queremos
que o turista venha, mas apenas
para passear", afirma o pescador
Sadrak Pereira.
Dunas cercam a praia e, no mar,
corais, algas e pedras dificultam a
aproximação dos barcos em alguns trechos.
De acordo com o secretário
Souza, ainda em 2000 duas ou três
casas de pescadores serão adaptadas para receber turistas. "Vamos
incrementar um pouco o turismo
na região, mas de forma que não
prejudique a preservação do ambiente e a população."
Presença de holandeses
Além da possibilidade de ter sido o primeiro porto de Pinzón no
Brasil, outro fato histórico marca
a cidade de Icapuí: logo após terem sido expulsos de Pernambuco, em 1654, alguns holandeses
adotaram a região para viver. Até
hoje, seus descendentes são facilmente reconhecidos na cidade.
Na praia de Ponta Grossa é comum ver pessoas com traços europeus. Além da percepção visual, a tese de que os holandeses
radicaram-se em Icapuí é reforçada pelo fato de que diversos objetos antigos encontrados no meio
das dunas são relacionados à Holanda de séculos atrás.
O pescador Josué Pereira trabalha, há 16 anos, escavando regiões
da cidade atrás de indícios da presença dos holandeses na região.
Ele guarda diversos utensílios
com inscrições que atestam a origem em Amsterdã. A prefeitura
planeja montar em breve um museu com os objetos.
(KF)
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