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Integrantes do Fórum Social percorreram ontem as ruas do centro de Porto Alegre e criticaram ações dos EUA contra o Iraque
Marcha reúne 70 mil contra Alca e guerra
PAULO DANIEL FARAH
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Cerca de 70 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar,
promoveram uma marcha pelo
centro de Porto Alegre, ontem,
com muitas palavras de ordem
contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), contra a
provável guerra ao Iraque e contra o conflito no Oriente Médio.
"Lula/Eu quero ver/Um plebiscito contra a Alca acontecer" e "O
palestino é meu amigo/Mexeu
com ele, mexeu comigo" eram alguns dos gritos dos manifestantes, em meio a bandeiras brasileiras, venezuelanas, cubanas, argentinas, palestinas, iraquianas,
do PT e do PSTU.
Cartazes com dizeres como
"Bush, go to hell. Leave Amazonas, Alcântara [Bush, vá para o inferno. Saia do Amazonas e de Alcântara"", "Bush, tire as mãos do
Brasil" e "Não derrame sangue
por causa de petróleo e água"
eram empunhados por manifestantes que gritavam "Brasil, Venezuela, Argentina/Fora imperialismo da América Latina".
"Vim contra todo tipo de violência, principalmente a guerra. O
império anglo-americano diz que
ninguém pode desenvolver armas, mas é lógico que ele tem o direito, e é isso que vai levar a um
conflito armado", diz o comerciante José Azeredo Vianna, 65,
de São Francisco de Paula (RS).
Ele carregava um cartaz que dizia "Fórum de Davos contabiliza
lucros e aumenta a opreção [sic]".
O estudante de fisioterapia Mazen Hassan Baja, 21, participava
da marcha com uma camiseta em
que se lia, em português, inglês e
francês, "Parem o monstro Sharon [Ariel Sharon, premiê de Israel]". Filho de palestinos, Baja
diz que "Sharon piorou muito a
situação no Oriente Médio. Inocentes estão morrendo na Palestina, e o mundo tem de fazer algo.
Esperamos que os protestos tenham repercussão internacional
para acabar com os massacres".
Segundo o estudante, uma representante palestina que viria
para participar do fórum foi barrada no aeroporto de Tel Aviv (Israel), e ele espera que o Brasil ajude a pôr fim ao conflito. "O PT
sempre ajudou a causa palestina,
pois sabe que é uma causa justa."
Durante a marcha de abertura
do 3º Fórum Social Mundial, houve críticas ao governo petista. "Esse governo começou mal, tem um
banqueiro no Planalto Central",
começou a gritar um homem em
cima de um carro de som.
Em princípio, parte dos manifestantes vaiou. A pessoa que gritava insistiu no refrão e, pouco
depois, simpatizantes do PSTU
aderiram ao grito. Havia, porém,
diversos cartazes de apoio ao governo e com a frase "A esperança
venceu o medo".
Entre gritos de "Ianques, fora
daqui/Abaixo a Alca e o FMI" e
"Dívida externa/Não pago não/
Quero dinheiro para saúde e educação", a estudante sergipana Rosileide da Silva Vieira, 20, argumenta que "há muitas reivindicações nesta marcha pela paz, mas o
importante é que todos cremos
em um outro mundo".
Vieira integrava um grupo de 42
pessoas de Sergipe, Alagoas e Pernambuco que vestiam camisetas
com a bandeira palestina e protestavam contra a Alca. Compareceram também representantes iraquianos que protestavam contra a
provável guerra ao Iraque, como
o professor Saad Kassem.
A maioria dos cartazes, em português, espanhol, francês, italiano, inglês e alemão, repudiava a
provável ação militar no Iraque.
À noite, cerca de 110 mil pessoas
se reuniram no Anfiteatro do Pôr
do Sol, área aberta de Porto Alegre onde foram realizadas apresentações de capoeira e shows de
música de diversos países latino-americanos.
"Como se espera de um país como o Brasil, só a música para
amenizar as revoltas", defende a
colombiana Maria Georges.
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