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Ministro deve depor no Congresso, diz Suplicy
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O senador petista Eduardo Suplicy (SP) disse ontem que o PT
"não é feito nem de santos nem de
anjos" e voltou a defender que o
ministro José Dirceu (Casa Civil)
deponha no Congresso sobre as
denúncias que envolvem seu ex-assessor Waldomiro Diniz.
""Ainda que não fosse filiado ao
PT, Waldomiro tinha um cargo
de grande responsabilidade designado por um ministro [Dirceu]. Logo, existe a responsabilidade do ministro no caso", disse.
Suplicy, que foi a Washington
expor suas propostas sobre renda
mínima, citou o ex-secretário de
Defesa norte-americano Robert
McNamara (1961-1968) como
exemplo a ser seguido por Dirceu.
McNamara, 87, é objeto de um
documentário de sucesso hoje
nos EUA, "The Fog of War", onde
aparece em depoimentos no Congresso para explicar seus argumentos e erros em relação à Guerra do Vietnã, que matou mais de
58 mil americanos. "McNamara
passou mais de 120 horas dando
explicações ao Congresso. Foi um
homem que teve a responsabilidade de ir à público explicar um
caso complicado ", declarou.
Questionado se o caso Waldomiro poderia se tornar "o Vietnã
do PT", Suplicy afirmou: "O episódio se tornou bastante grave para o partido". "A sugestão do depoimento tem o propósito de levar o PT a agir de forma completa
e exemplar", disse. Mas, segundo
ele, Dirceu "ainda não tomou
uma decisão" a esse respeito.
O pedido para que Dirceu vá à
comissão conjunta de Fiscalização e Justiça foi feito por Suplicy
após o estouro do caso Waldomiro: "Ouvi do próprio Dirceu que
ele estava surpreso com o comportamento de uma pessoa [Waldomiro] em quem confiava. E foi
confiando na integridade do ministro que formulei a sugestão do
depoimento". Suplicy diz que
agiu "de boa fé" e que a sugestão
do depoimento "nada tem a ver"
com disputas internas no partido.
Questionado se estaria sendo
pressionado pelo PT com a eventual perda do direito para concorrer à reeleição ao Senado em 2006,
Suplicy afirmou que, "se alguém
estiver disposto a disputar a vaga,
não me incomodarei em fazer
uma prévia, assim como fiz no caso da Presidência da República".
Luz amarela
As acusações contra Waldomiro Diniz "acenderam a luz amarela" no PT, disse o presidente nacional do partido, José Genoino.
"Esse episódio está sendo um
aprendizado muito rico para o
PT. Houve um crime de extorsão
praticado pelo Waldomiro mas
não há caso de corrupção no governo. Mesmo assim acendeu a
luz amarela, temos que tomar cuidado com quem nos reunimos e
com quem conversamos", disse.
Genoino defendeu a atuação da
bancada do partido no Congresso
em defesa do governo. "Pode ter
havido exageros, mas foi bom para o PT ir para o ataque. É uma
questão apenas de azeitar a tática,
tem que ter cuidado com a maneira de se pronunciar", disse.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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