São Paulo, terça-feira, 24 de abril de 2007

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Vazamentos continuam e levam à fuga de bicheiros

Três substitutos dos chefões investigados em Operação Hurricane estão foragidos

Sucessores de Turcão, Anísio e Capitão Guimarães podem ter deixado o Brasil na véspera da prisão; polícia pede auxílio à Interpol


RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O esquema de vazamento de informações privilegiadas para as quadrilhas de jogo do bicho e dos caça-níqueis por policiais corruptos não foi desativado, suspeitam os delegados da PF (Polícia Federal) encarregados da Operação Hurricane. Na sexta-feira, às vésperas de terem a prisão decretada, saíram de circulação os substitutos dos três bicheiros presos.
Por suspeitar que os foragidos podem ter deixado o país, a PF pediu ajuda à Interpol (Polícia Internacional). Novas gravações da PF indicam que, após a prisão, há 11 dias, os banqueiros do bicho Antônio Petrus Kalil, o Turcão; Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; e Aniz Abrahão David, o Anísio, transferiram seus negócios a pessoas de confiança.
Turcão transferiu os negócios aos filhos Marcelo Calil Petrus e Antônio Petrus Kalil Filho, o Toninho. Anísio escolheu para sucedê-lo o tesoureiro da organização que comanda, Nagib Teixeira Suaid. O filho de Suaid, Ricardo, dirige a escola de samba Beija-Flor.
Para sucedê-lo, momentaneamente, Capitão Guimarães recorreu ao tesoureiro João Oliveira de Faria. O sucessor natural seria seu sobrinho, Júlio César Guimarães Sobreira, que também foi preso.
Calil Petrus, Nagib Suaid e Oliveira de Faria tiveram as prisões decretadas no sábado pela Justiça Federal, a pedido da PF. Nenhum dos três foi achado. Para os policiais do caso, devem ter sido alertados.
A Interpol colocou em seu sistema de buscas um alerta, 24 horas, rotulado de "difusão vermelha", uma espécie de mandado internacional.

Operação Têmis
Também em São Paulo a PF está preocupada com vazamentos. Foi aberto ontem inquérito para apurar e punir os responsáveis por vazamento de informações a suspeitos investigados pela Operação Têmis, o que prejudicou a busca e apreensão de documentos.
Deflagrada na sexta-feira, a ofensiva da PF era contra suposta quadrilha que negociava venda de sentenças judiciais.
Segundo a PF, grampos autorizados pela Justiça levam a crer que um funcionário da Telefônica repassou detalhes da operação a pelo menos três policiais civis ligados ao suposto esquema, que avisaram os envolvidos. Delegados afirmam que documentos de magistrados foram retirados do TRF (Tribunal Regional Federal) dois dias antes da operação.
A Telefônica afastou um funcionário e abriu sindicância interna para apurar o caso.


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