|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aldo relembra golpe e diz que há
um "clima de 54" contra o governo
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, acusou ontem a
oposição de promover um "clima
de 54" contra o governo, em referência ao movimento que levou
ao suicídio do presidente Getúlio
Vargas, em agosto de 1954.
Nesse processo, segundo Aldo
"alertou", os parlamentares da
base governista que assinaram o
pedido de CPI estariam atuando
como "linha auxiliar da direita".
"Quando a direita tenta desestabilizar governos democraticamente eleitos, setores da esquerda
funcionam como linha auxiliar.
Estou alertando esses setores para
que não caiam nessa armadilha e
se lembrem do papel que tiveram,
por exemplo, em 54 e em 64", afirmou Aldo, na Câmara, após reunião com o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), em referência ao suicídio de Vargas e ao
golpe militar de 1964.
Nas duas ocasiões, setores "radicais" de esquerda se opunham
aos presidentes, o que acabou colaborando para seu enfraquecimento. Cerca de cem deputados
da base governista assinaram o
pedido da CPI.
A entrevista de Aldo foi repleta
de citações históricas. Ao citar o
"clima de 54", disse que a oposição está "buscando um Gregório
Fortunato". A referência é ao chefe da guarda pessoal de Vargas,
acusado pelo atentado contra o
jornalista Carlos Lacerda, inimigo
do então presidente. O ato de Fortunato acabou acelerando o processo de isolamento de Vargas.
Aldo comparou a atitude da
oposição à das forças políticas
que, no passado, promoveram
golpes ou tentativas de golpe.
"São as mesmas forças que tentaram derrubar os presidentes Floriano Peixoto [1891-94], Getúlio
Vargas, Juscelino [Kubitschek,
1956-60], Jânio Quadros [1961],
João Goulart [1964]. Não vamos
aceitar esse tipo de coisa."
O ministro, apesar de sua argumentação histórica, tomou o cuidado de não citar a palavra "golpe". Disse que a oposição busca o
caminho do "achincalhe e da demagogia" e que procura desestabilizar o governo por não ter candidato a presidente em 2006.
O endurecimento do discurso
de Aldo, conhecido por medir palavras, foi estratégia para responder a recentes declarações do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB) -que apontou
possível "crise institucional"-, e
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -para quem o governo parecia "peru bêbado".
Em sua entrevista, em que alternou momentos de nervosismo
com outros de ironia, o ministro
chegou a questionar a eficácia da
CPI como instrumento de investigação. Disse que a PF e o Ministério Público são mais relevantes
para isso. "Nenhuma CPI tem
tanta eficácia na investigação como tem a própria Polícia Federal,
ou o Ministério Público. Me
aponte uma CPI que tenha sido
mais eficiente na apuração de denúncias do que a Polícia Federal."
Questionado sobre CPI dos Precatórios (1997) e a que levou ao
impeachment de Fernando Collor (1992), disse: "Mais eficientes
que a Polícia Federal? Não sei".
Texto Anterior: Saiba mais: Cavalo de Tróia foi um ardil para vencer a guerra Próximo Texto: Saiba mais: Crise em 1954 causou suicídio de Getúlio Vargas Índice
|