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BAHIAGATE
Parecer aprovado por Brindeiro diz que não há provas contra senador
Investigação sobre ACM é arquivada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A uma semana de deixar o cargo que ocupa há oito anos, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, decidiu arquivar
a investigação contra o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no STF (Supremo Tribunal
Federal). ACM é acusado de ser o
responsável por gravações clandestinas de conversas telefônicas
feitas na Bahia.
Um parecer elaborado pelo vice-procurador-geral, Haroldo
Ferraz da Nóbrega, e aprovado
por Brindeiro, pede o arquivamento da investigação. Na prática, o pedido equivale a uma decisão, porque os ministros do Supremo serão obrigados a acolhê-lo. Brindeiro será sucedido por
Cláudio Fonteles a partir da próxima segunda-feira.
"Não há nenhuma prova de que
o senador tenha determinado, induzido, instigado ou auxiliado
qualquer pessoa à prática de delito", conclui o parecer.
Prova ilícita
Além da suposta falta de indícios, o procurador-geral apontou
outra razão para o arquivamento:
a acusação estaria baseada em
"prova ilícita", justamente uma
gravação telefônica, que o procurador não reconhece como válida.
O jornalista Luiz Cláudio Cunha, da revista "IstoÉ", gravou
conversa com ACM, sem o consentimento dele, na qual ele admitiria conhecer o conteúdo dos
grampos. A esse respeito, o parecer afirma o seguinte: "O repórter
Luiz Cláudio Cunha não é policial
nem magistrado. Por isso não podem, sob a ótica do signatário
[Haroldo Ferraz da Nóbrega], a
Polícia e a Justiça dar guarida e
chancela à investigação".
O senador ainda pode ser processado civilmente pelas pessoas
que tiveram conversas gravadas,
as quais podem pedir indenização
por supostos danos morais e materiais. Apesar disso, a conclusão
do parecer torna mais remota a
possibilidade de ACM ser processado sob acusação de autoria do
grampo telefônico e condenado
por violação de sigilo.
A abertura de um inquérito,
agora, dependerá de a Polícia Federal concluir que existem indícios contra ele e apontar pelo menos um fato novo relevante em relação aos apurados pelo Conselho
de Ética do Senado Federal.
O Senado já livrou ACM do processo disciplinar que poderia resultar na cassação de seu mandato
por quebra de decoro, mas mandou cópia da apuração ao STF,
que pediu a opinião do procurador-geral sobre o caso.
A Polícia Federal deverá concluir nas próximas semanas o inquérito sobre o caso e remeterá as
conclusões para o Supremo, caso
considere que o senador está envolvido nas irregularidades. O
grampo significa gravação de
conversa telefônica sem autorização judicial e é um tipo de crime.
ACM é suspeito de ter determinado a funcionários da Secretaria
de Segurança Pública da Bahia
que grampeassem ilegalmente o
telefone de várias pessoas, entre
as quais a ex-namorada Adriana
Barreto, o marido dela, Plácido
Faria, e o deputado federal Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA).
Em 2001, Antonio Carlos Magalhães renunciou ao mandato para
fugir da cassação, por causa da
acusação de violação do sigilo do
painel eletrônico do Senado. O
mesmo ocorreu com o então senador José Roberto Arruda, hoje
deputado pelo PFL de Brasília.
Nesse caso, o processo ainda pode
ser aberto pelo Supremo.
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