São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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SALÁRIO PETISTA

José Alencar, ministros e líderes aliados tiveram atuação direta para garantir aprovação do mínimo de R$ 260

Pressão contorna rebelião de governistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A atuação direta do vice-presidente José Alencar, de ministros e de líderes de partidos aliados ontem reduziu dissidências no PMDB e no PL, observadas na primeira votação, compensando novos votos contrários em outros partidos. No PT, por exemplo, foi de cinco para nove o número de deputados contra o governo Lula.
Em 2 de junho, a medida provisória do salário mínimo foi aprovada por 266 a 167 votos, diferença de 99 deputados. Ontem, a diferença foi de cem votos, com quórum superior -272 votaram contra os R$ 275, e 172, a favor.
O PL acabou sendo o partido mais fiel ao Planalto, proporcionalmente, com 40 deputados (90,9% da bancada) votando a favor dos R$ 260. Só dois votaram contra. Na primeira votação, quatro apoiaram os R$ 275 e apenas 28 votaram com o governo.
Alencar e o ministro Alfredo Nascimento (Transportes), do PL, foram fundamentais nas articulações. Colaboraram ainda cinco deputados de Minas que faltaram à primeira votação.
A principal dor de cabeça do governo ontem, entretanto, era o PMDB, segundo maior partido da base aliada. Na primeira votação, a legenda rachou: 32 contra o governo e 39 a favor. Eunício Oliveira (Comunicações), um dos ministros do partido, intensificou a articulação e apareceu ontem no plenário da Câmara, momentos antes da votação.
"Como parlamentar, não aceito nem faço pressão. Como ministro, muito menos", disse o peemedebista, apesar de não esconder acreditar que o partido teria mais de 40 votos pró-governo. Teve 41, mas a principal ajuda esteve no fato de os contrários terem diminuído de 32 para 23.
O apelo que Eunício fez aos dissidentes era o de que aqueles que já tivessem marcado posição na primeira votação não se esforçassem para estar ontem na Câmara.
Já PTB e PT mantiveram seus desempenhos fiéis ao Planalto: 84,6% da bancada do PTB votou contra os R$ 275, índice similar ao do PT, 83,1%. Apesar disso, a mudança de posição da cúpula petista em relação às rebeliões na legenda -não há discussão sobre punição aos senadores que votaram contra o governo- levou o grupo dissidente do partido a crescer de cinco para nove votos.
"O governo teve uma vitória no painel, mas uma derrota na sociedade. Optaram pela responsabilidade fiscal com o FMI [Fundo Monetário Internacional] em detrimento da responsabilidade social com os trabalhadores", disse o deputado Ivan Valente (PT-SP).
"O PT não está estressado", minimizava o presidente nacional do PT, José Genoino.
Os desempenhos menos fiéis, entre os governistas, ocorreram no PP (59,3%), no PPS (50%) e no PC do B (55,6%) do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política).
No caso do PP, seis deputados que votaram a favor do governo antes mudaram de lado, temendo o desgaste de defender os R$ 260. No PC do B, Jandira Feghali, pré-candidata à Prefeitura do Rio, uniu-se a Sérgio Miranda (MG) nos votos contrários.
Já os principais partidos de oposição, PSDB e PFL, tiveram desempenhos similares à primeira votação. No PDT, os votos contra o governo caíram de dez para quatro, devido à ausência de pedetistas que acompanhavam o velório de Leonel Brizola.


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