São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO

Onze dias após ser denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, o publicitário fala sobre as acusações de ser o operador do "mensalão"

Valério rompe silêncio e nega acusações

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

Acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do "mensalão", o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza resolveu responder as denúncias de que ele, através de uma de suas empresas e sob o comando do PT, distribuía mesadas em dinheiro a deputados federais do PP e do PL.
Onze dias depois de ser acusado por Jefferson em entrevista à Folha, Marcos Valério disse em entrevista ao "Jornal Nacional", da "TV Globo", que esperou para se defender porque estava reunindo provas de que o petebista mentiu.
O publicitário defendeu as empresas da qual é sócio: a DNA Propaganda e a SMPB Comunicação, que têm contas em estatais. "Podem quebrar o sigilo bancário, fiscal, telefônico e bancário meus ou de minhas empresas", afirmou.
Ele diz nunca ter ouvido falar em "mensalão" e que Jefferson o escolheu para "acender um canhão" contra o governo e o PT, pois sabia que ele é amigo do tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e do secretário-geral, Sílvio Pereira. Ambos foram citados como responsáveis pelo suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares.
O publicitário também respondeu às acusações de sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, que confirmou o suposto elo entre Valério e a cúpula petista. Ela afirmou, em entrevista à "Istoé Dinheiro", que viu saírem "malas de dinheiro" da SMPB, onde trabalhava: "Às vezes, mandavam tirar R$ 1 milhão, em dinheiro, no Banco Rural." Somaggio está sendo processada por tentativa de extorsão pelo publicitário.
No final da entrevista que deu à Globo, Marcos Valério, aparentemente emocionado, disse que o sofrimento pela qual tem passado com as denúncias é "desumano". Leia a seguir os principais trechos da entrevista em que se defende.
 

MENSALÃO - - Eu não sou pombo-correio do senhor Delúbio Soares. Não sou operador do PT. Não opero para ninguém. Nunca operei. Mais uma vez o deputado Roberto Jefferson mente e ataca a honra das pessoas. Esperei muito tempo para responder ao deputado porque estava reunindo provas de que na primeira quinzena de julho de 2004 o deputado não poderia nunca ter encontrado comigo. Tenho os meus tíquetes de viagem, os hotéis em que me hospedei e o meu passaporte.

ROBERTO JEFFERSON - Roberto Jefferson quer atingir o governo e precisava de um estopim para acender seu canhão. Me escolheu.

AMIZADES - - O Roberto Jefferson queria atingir o PT e a honra do senhor Delúbio Soares. Ele sabe que sou amigo do Delúbio e nunca escondi isso de ninguém. Sempre me encontrei com Delúbio em público ou na sede do PT em Brasília ou em São Paulo. Não sou amigo de quase toda a cúpula do PT. Sou amigo do doutor Delúbio Soares. Sou amigo do Sílvio Pereira, tá? E não sou amigo do ministro José Dirceu, não conheço o presidente Lula. Então, não sou amigo da cúpula do PT.

MALAS DE DINHEIRO - Mais uma vez ela [Somaggio] mente, em várias entrevistas dela. Porque na última, ela supõe que seja mala de dinheiro. Nunca as minhas empresas fizeram nada em malas. Nem de dinheiro nem de documentos. Nada. As minhas empresas são sólidas e sérias. Qualquer depósito, qualquer insinuação de lavagem, qualquer especulação que seja de laranjas eu recuso.

EMPRESAS LARANJAS - Usei uma secretária de minha confiança e um office boy porque eu estava com processo na Receita Federal em uma das empresas e não conseguia abrir [uma firma]. Então, é um laranja ao contrário. Peguei a empresa deles e passei para o nome da minha mulher. [Se fosse laranja] eu teria de passar do meu nome para eles. Mas fiz o contrário. Fiz isso, está no nome da minha mulher e no meu, declarado no meu imposto de renda.

ANDERSON ADAUTO - O doutor Anderson Adauto era candidato a prefeito do Uberaba e pediu um estudo de visual para a SMPB. O irmão dele eu não conheço. Se vir na rua não sei quem é. Foi na empresa e pegou esses documentos.

PIMENTA DA VEIGA - O ministro Pimenta da Veiga e eu passamos pelo mesmo infortúnio de família. Ele teve um problema na família dele e eu tive o mesmo problema na minha. E eu contratei os honorários advocatícios dele.

SIGILOS - Podem quebrar os sigilos fiscal, bancário, telefônico meus ou das empresas da qual participo. Qualquer insinuação de que "as empresas do sr. Marcos Valério lavava dinheiro", eu não aceito. Todos os meus depósitos, saques, têm explicações sim. E serão explicados devidamente nos órgãos competentes.


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