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A Fonteles, publicitário diz não
ser operador do "mensalão" do PT
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Em resposta a ofício do procurador-geral da República, Claudio
Fonteles, o publicitário Marcos
Valério Fernandes de Souza se
pronunciou ontem, acerca das
acusações de ser o "operador" do
chamado "mensalão". Em texto
enviado a Fonteles, ele negou as
acusações e disse que "nunca fez
entrega" de dinheiro ao deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias.
Na resposta, ele coloca à disposição do Ministério Público Federal a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal, "bem como das empresas" nas quais é sócio, a SMPB
Comunicação e a DNA Propaganda, que detêm cinco contas do governo federal.
Fonteles fez cinco questionamentos ao publicitário, enviados
a ele no dia 13 passado, por causa
da entrevista que a Folha havia
publicado com Jefferson no dia
anterior. Indagado se confirmava
a declaração do deputado petebista, Valério disse "não".
"Nunca fiz entrega de qualquer
quantia em dinheiro ao deputado
Roberto Jefferson, nem por ordem do sr. Delúbio Soares [tesoureiro do PT], nem por qualquer
outro motivo. Só vim a tomar conhecimento de "mensalão" a partir
da entrevista dada pelo deputado", escreveu Valério.
Mala
Sobre Jefferson ter dito que
Marcos Valério lhe entregou R$ 4
milhões na primeira quinzena de
julho de 2004, sendo o dinheiro
uma contribuição do PT ao PTB,
o publicitário negou ter feito a entrega desse valor e disse que, nesse
período, só esteve em Brasília
uma vez, durante "uma parte do
dia 7", podendo provar que esteve
em outros lugares naquela quinzena, inclusive tendo ficado fora
do país do dia 9 ao dia 18.
No terceiro questionamento de
Fonteles, sobre se conhece Delúbio, o tesoureiro do PT, Valério
respondeu "sim". Disse ter sido
apresentado a ele pelo deputado
petista Virgílio Guimarães (MG)
-que confirma ter feito a apresentação- nascido na mesma cidade que ele, em Curvelo (MG).
Disse que conheceu Delúbio
Soares em "meados de 2002" e
que foi "procurá-lo para oferecer
serviços publicitários para fazer a
campanha presidencial do PT em
Minas Gerais".
Ele acrescentou: "A partir de então, mantive relacionamento pessoal com Delúbio Soares, de
quem me tornei amigo, conversando com o mesmo com relativa
freqüência, quer pelo telefone,
quer em contatos pessoais em São
Paulo e em Brasília, sobre os mais
variados assuntos, inclusive sobre
a conjuntura política nacional".
Na resposta, protocolada ontem
na Procuradoria da República em
Minas, Valério disse que as agências das quais é sócio fizeram a
campanha do deputado federal
João Paulo Cunha (PT-SP) para a
presidência da Câmara e que, nas
últimas eleições, elas também trabalharam para petistas "em algumas cidades paulistas, como
Osasco e São Bernardo".
No último questionamento de
Fonteles, "sobre quaisquer outros
esclarecimentos que queira prestar sobre o assunto", o publicitário mineiro citou Emerson Palmieri, tesoureiro informal do
PTB, quando disse que o conheceu na sede do PT em Brasília,
apresentado por Delúbio.
"Conversamos sobre projetos
políticos do PTB e suas campanhas eleitorais. Esse encontro se
deu no início de 2004. Somente
vim a conhecer pessoalmente o
deputado federal Roberto Jefferson neste ano de 2005, através do
sr. Emerson Palmieri, na sede do
PTB, em Brasília. Conversamos
sobre campanhas políticas, o quadro político nacional e as dificuldades do PTB no seu relacionamento com o PT", disse Valério.
Ele disse ainda que as declarações de Jefferson o envolvendo
com o tesoureiro do PT foram pelo fato de saber que eles tinha relação de amizade. "No entanto, não
são verdadeiras as afirmações no
sentido de que eu atuasse como
"arrecadador", "operador" ou "pagador" de quaisquer quantias em
dinheiro para o referido tesoureiro em benefício de partidos políticos ou parlamentares."
Ele também refutou as declarações de Fernanda Karina Somaggio, sua ex-secretária na SMPB,
que declarou que era ele quem
carregava "malas de dinheiro"
para políticos em Brasília. Valério
diz a Fonteles que ela já responde
a processo por extorsão.
O publicitário negou ainda que
todas as contas de publicidade
que suas agências detêm no governo "são fruto de contratos regulares e legais, obtidas através de
licitações públicas, em sua maioria realizada em gestões governamentais anteriores" à do PT.
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