São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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PF retém dados de agência de Valério

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Federal cumpriu ontem mandado de busca e apreensão no escritório de contabilidade Prata e Castro Consultores Associados Ltda., de onde levou documentos fiscais da agência SMPB Comunicação, da qual Marcos Valério de Souza é sócio. A operação durou mais de seis horas.
Foi a primeira ação da PF contra Valério, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como suposto "operador" do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, no esquema do "mensalão". O publicitário também foi citado pela sua ex-secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio como a pessoa que levava dinheiro para Brasília.
Uma equipe da PF, chefiada pelo delegado de Brasília Cláudio Ribeiro Santana, saiu às 14h25 do escritório em Belo Horizonte, com quatro grandes caixas de documentos fiscais e 20 discos rígidos de computadores.
Os agentes chegaram ao prédio por volta das 7h30. Quinze minutos depois, quando o escritório foi aberto, mostraram o mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Jorge Gustavo Serra de Macedo, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte.
Segundo a assessoria da Justiça, o pedido da PF foi apresentado anteontem, com o argumento de que poderia estar ocorrendo uma tentativa de ocultação de provas. O pedido feito abrangia ainda a sede da SMPB e a casa de Valério. Após consultar a Procuradoria, o juiz só autorizou a busca no escritório de contabilidade.
Após as buscas, o delegado disse apenas que se tratava de apreensão de documentos fiscais de Valério e da SMPB e que as investigações estão correndo sob sigilo.
Às 13h30, uma hora antes de a PF deixar o local, apareceu no escritório o advogado Edmar Pereira Cardoso, que trabalha para a SMPB e a DNA, outra agência da qual Valério é sócio. Ele disse que ficou sabendo da operação e que foi para o local porque o escritório estava sem assistência jurídica.
Segundo Cardoso, a contabilidade da SMPB não é feita pelo escritório. Disse que a agência "tem contabilidade própria" e usava o escritório apenas para guardar documentos de contabilidade antiga. Ele disse que todos os discos rígidos foram levados e que a empresa, que atende mais de 60 clientes, não tem como funcionar.
"Vamos ter de levar 20 HDs para a PF fazer cópias para que a empresa possa funcionar", disse o advogado, segundo o qual o mandado não explicava os motivos da ação. Ele acompanhou o gerente do escritório até a Justiça, para prestar depoimento, que foi liberado em seguida e não quis falar. Cardoso não disse o nome do dono do escritório, mas a Folha apurou que pertence a Mauro Aurélio Prata, que não foi localizado.


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