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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/OPERAÇÃO ABAFA
Líderes do PFL e do PSDB se unem a José Dirceu para convencer Severino a impedir que Bolsonaro exiba na Câmara fita sobre guerilha
PT consegue vetar vídeo contra Genoino
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de se enfrentarem em
plenário anteontem, líderes do
PT, do PFL e do PSDB se uniram
ontem para tentar impedir a exibição de um vídeo com ataques ao
presidente do PT, José Genoino,
em sessão solene que homenageará hoje os militares mortos no
combate à guerrilha do Araguaia.
José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da oposição, Alberto Goldman (PSDB-SP), líder dos tucanos, e o ex-ministro José Dirceu
(PT-SP) se revezaram na manhã
de ontem em rápidas conversas
com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), nas
quais pediram veto ao vídeo.
No fim do dia, o presidente da
Câmara acatou a solicitação, por
considerar o vídeo ofensivo. Nele,
o militar da reserva Lício Augusto
Ribeiro dá um depoimento de 14
minutos, no qual afirma que Genoino "entregou" seus companheiros de guerrilha depois de ser
preso pelo próprio Ribeiro em
1972, no norte de Tocantins.
Ontem, Ribeiro estava no Congresso, acompanhado do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar
da reserva que apresentou o requerimento para realização da
sessão solene. Bolsonaro foi o
principal responsável pelo tumulto no discurso que Dirceu proferiu em sua volta à Câmara, anteontem. No momento em que o
ex-ministro criticava a censura da
ditadura militar, Bolsonaro gritou
"terrorista, terrorista".
"Pode fazer o que quiser, mas
não pode atacar ninguém", disse
Aleluia. "É um extremista de direita, oportunista, que quer aproveitar o momento de crise", sustentou Chico Alencar (PT-RJ), em
referência a Bolsonaro.
A sessão solene começará às
15h, com defesa do regime militar
e discurso de Bolsonaro.
Araguaia
O tenente-coronel reformado
Lício Augusto Ribeiro, 75, acusa
Genoino de ter colaborado com
os militares que em 1972 iniciavam o combate à guerrilha organizada pelo PC do B na região do
Araguaia.
O militar reformado disse à Folha que, no mesmo dia em que foi
preso (18 de abril de 1972), Genoino, sem ser submetido a tortura,
contou que os guerrilheiros estavam divididos em três grupos espalhados pela floresta e tinham o
apoio de lideranças em São Paulo
e no Rio de Janeiro.
"Genoino não levou uma cacetada, não levou nada", disse.
Segundo ele, o hoje presidente
do PT citou os nomes dos dirigentes comunistas João Amazonas,
Elza Monerat e Maurício Grabois.
Ribeiro disse que até então os militares desconheciam o vínculo
entre os guerrilheiros na mata e a
cúpula do PC do B nos principais
centros do país. Ribeiro foi personagem do livro "O Coronel Rompe o Silêncio" (Objetiva, 2004), do
jornalista Luiz Maklouf Carvalho.
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