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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/OPERAÇÃO ABAFA
"A coisa é como moda, a moda da vez; o escândalo da vez é o dos Correios e o do "mensalão'", afirma o senador Arthur Virgílio
Oposição agora quer enterrar CPI dos Bingos
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter dado condições
para o funcionamento da CPI dos
Bingos, que na prática investigaria o caso Waldomiro Diniz, a
oposição no Senado praticamente
selou ontem um acordo com o
governo para enterrá-la.
O Palácio do Planalto nunca
quis apuração legislativa sobre o
caso; já PSDB e PFL perderam o
interesse depois que estouraram
os escândalos dos Correios e do
"mensalão", ambos com apuração em curso no Congresso.
"As atenções devem ser centradas nos Correios e no "mensalão".
A coisa é como moda, a moda da
vez. O escândalo da vez é o dos
Correios e o do "mensalão", não
vamos complicar o meio-campo", afirmou líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
O STF determinou anteontem
ao presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), a indicação dos integrantes para a CPI dos
Bingos, que investigaria a atuação
do ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz, gravado em 2002
negociando favorecimento em licitações em troca de propinas e
contribuições eleitorais.
Escândalo de maior repercussão em 2004, o caso Waldomiro
só não virou CPI porque os líderes
dos partidos governistas e o então
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), se recusaram a
indicar seus integrantes. A oposição recorreu ao Supremo.
Com a decisão judicial de anteontem (por 9 votos a 1), o presidente do Senado reuniu os líderes
partidários ontem pela manhã e
os nomes da CPI foram definidos.
Na prática, porém, a comissão
não deve sair do papel devido à
seguinte manobra: os indicados
não aparecerão nas sessões.
Situação semelhante ocorre na
CPI do Setor Elétrico, na Câmara.
Mesmo criada e com seus membros indicados há vários meses, a
comissão não funcionou porque
nunca houve quórum para suas
reuniões. Também nesse caso governo e oposição não têm interesse no funcionamento da CPI.
"Há uma preocupação de todos
com o fato de haver CPIs demais
no Congresso", afirmou o líder da
oposição no Senado, José Jorge
(PFL-PE). Hoje há seis em funcionamento e outras seis praticamente prontas para instalação.
"Não há nem senadores para
tanta CPI. Não podemos ter seis
ou sete comissões funcionando
ao mesmo tempo. Nesse quadro,
é absolutamente imprudente instalar o que quer que seja", disse o
líder do governo na Casa, Aloizio
Mercadante (PT-SP).
Mercadante e Virgílio protagonizaram no plenário, à tarde, uma
ampla discussão sobre qual governo, o do PT ou o tucano, atacou mais a instalação de CPIs.
Apesar disso, a posição de ambos
continuou a mesma.
Embora afirme estar preocupada com a governabilidade e a possível paralisia no Congresso, para
a oposição não haveria ganho político com o reaparecimento do
caso Waldomiro. Os motivos:
além da possibilidade de desvio
do foco sobre os atuais escândalos, a CPI teria como alvo um deputado, José Dirceu, ex-chefe de
Waldomiro, não mais um poderoso ministro do governo.
Os senadores voltam a se reunir
na próxima semana para discutir
melhor o sepultamento da investigação. Mesmo destino da CPI do
caso Waldomiro deve ter a que investigaria as privatizações na gestão tucana, espécie de contraponto gestado pelos governistas.
Na semana que vem deve ser
instalada a CPI do "Mensalão". O
governo prefere vê-la funcionando somente na Câmara, já que lá
seria investigado também a compra de votos para a aprovação da
emenda da reeleição, em 1997,
mas caso não consiga superar impasses regimentais, a CPI pode ser
mista (formada por senadores e
deputados federais).
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