São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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Garotinho quer trocar relator da CPI

PLÍNIO FRAGA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente regional do PMDB fluminense, Anthony Garotinho, anunciou ontem que entrará na Justiça para que o PMDB cumpra determinação de sua convenção nacional e entregue os cargos do partido na administração Lula.
"Não podemos neste momento nos confundirmos com toda essa lama que está escorrendo da rampa do Planalto", disse, após participar da inauguração de indústria em Duque de Caxias (RJ).
Fustigado pela tentativa de Lula de ampliar a presença do PMDB no ministério e assim sepultar as chances de uma eventual candidatura à Presidência, Garotinho ampliou a articulação contra os peemedebistas da ala governista.
Garotinho comandou a destituição do líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), que foi substituído por Saraiva Felipe (MG), da ala antigovernista. Garotinho quer que o líder troque os peemedebistas governistas na CPI dos Correios por peemedebistas antigovernistas, dando assim maioria à oposição na CPI.
Na CPI, o governo acreditava ter 19 votos contra 13 da oposição. Na votação secreta que elegeu o presidente da CPI, o governo obteve 17 votos, e a oposição 15. Caso o PMDB substitua por oposicionistas os três membros governistas que integram a CPI, os aliados de Lula perderão a maioria na comissão. A troca de indicados pelo líder atingiria até o relator, o deputado Osmar Serraglio. Saraiva Felipe, o novo líder, deve anunciar a decisão na próxima quarta.
Garotinho ligou para o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, para comunicar a decisão do diretório estadual do Rio de ir à Justiça para tentar forçar que os peemedebistas deixem o governo, sob ameaça de punições.
"A convenção nacional é a instância soberana do partido. A convenção diz o seguinte: quem não entregar o cargo é passível de punição. Essa punição vai desde o afastamento temporário até a exclusão dos quadros partidários. Se o diretório nacional não aplicar isso agora, nós, do diretório do Rio de Janeiro, vamos fazer."
Garotinho reagiu assim à possibilidade de ampliação da presença do PMDB no ministério de Lula. "A estratégia do governo é escolher figuras fisiológicas do partido e que se sintam atraídas por esse mar de lama", afirmou.
Ex-aliado de Lula, Garotinho disse que o país tem um "presidente-refém": "Refém do sistema financeiro, refém da aliança conservadora que montou no Congresso, refém de si próprio, porque não pode cumprir as promessas que fez em campanha".
Garotinho disse que se caminha para a comprovação da existência do "mensalão", o que o levaria a defender a cassação de Dirceu.


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