São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

A mão estendida

Hugo Chávez, nas agências, chegou a confirmar a visita de Lula. Mas vieram os telejornais e noticiaram que o presidente vai dar folga ao Aerolula e ao venezuelano.
Ficou para conversas com o PMDB, em meio à reforma e ao tão adiado pronunciamento em rede, sobre ações federais contra a corrupção.
O discurso dirigido por Duda Mendonça foi precedido ainda ontem por nova ação da PF, agora "na carne", no destaque da Globo à tarde:
- O delegado federal chegou à meia-noite a Belo Horizonte e iniciou a busca no escritório de contabilidade do publicitário Marcos Valério.
Depois, na escalada de manchetes da Band:
- PF apreende documentos do contador de Valério.
Daí para Lula, que elogiou seu ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e proclamou, na rede nacional:
- Nunca a Polícia Federal foi tão livre.
Como adiantou Kennedy Alencar à tarde na Folha Online, o presidente usou "tom sereno" e evitou a teoria do complô de mídia. Até elogiou:
- Feliz do país que tem uma imprensa livre e democrática, para fiscalizar.
Por outro lado, não faltou "a mão estendida" ao Congresso -que "saberá apurar todas as denúncias".
 
Mas Lula tinha concorrência. Foi a primeira manchete no "Jornal da Record":
- José Dirceu depõe a portas fechadas, nega denúncias sobre o "mensalão", mas admite que conhece Valério.
 
Mais concorrência.
Foi um dia todo de Valério, na verdade. Abrindo a escalada do "Jornal Nacional":
- Exclusivo! Marcos Valério quebra o silêncio. Nossos repórteres ouvem o primeiro depoimento do homem acusado de distribuir o "mensalão" a parlamentares. E o Ministério Público Federal quer investigar os contratos da agência dele com os Correios.
Na longa entrevista, o publicitário mineiro, tenso, até chorou -ou "se emocionou".
A exemplo de sua ex-secretária, a atuação não foi das mais convincentes, mas deixou no ar o que queria:
- Roberto Jefferson mente. Esperei para responder porque estava reunindo provas de que, na primeira quinzena de julho de 2004, ele não poderia ter se encontrado comigo.
Foi a quinzena das "malas de dinheiro".

A TERRA DA PROPINA

Reprodução
Jefferson na revista "Economist", em cena do "Roda Viva"

No título sarcástico, "Democracia Jeffersonia, estilo tropical". É a nova edição da "Economist", num trocadilho com os nomes de Thomas Jefferson, um dos "pais fundadores" da democracia americana, e Roberto Jefferson, o deputado brasileiro.
O texto ecoou de imediato no Brasil, com atenção para a solução proposta pela revista -dizendo que, "se Lula quisesse mesmo limpar o Estado, ele o emagreceria... mas ele e o PT não esperaram um quarto de século para presidir um governo menor".
A "Economist" sublinhou, na abertura e por todo o texto, que "pouco foi provado e quase tudo foi negado" e não se sabe o que é "verdadeiro ou não". Mas, "mesmo que as acusações sejam falsas, elas são tantas que podem tomar meses até serem desacreditadas":
- Até lá, o governo está em "crise permanente".
 
Na capa do "Miami Herald", em três colunas:
- A terra da propina enfrenta a conta.

DOS SONHOS

Reprodução
Agricultor brasileiro, ontem no "FT"

Ontem, no alto da capa do "Financial Times", um sinal de que o Brasil não é só terra da propina mas também "campo de oportunidades" ou, no sobretítulo interno do longo texto, "campo dos sonhos". E o título era "Agricultores brasileiros fazem tremer o mundo da agricultura".
 
E tome "agenda positiva", no exterior. No editorial "O direito do Brasil de salvar vidas", o "New York Times" defendeu uma eventual decisão de quebrar patentes de medicamentos contra Aids.


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