São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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Oposição tenta acordo sobre CPI

FREE-LANCE PARA A FOLHA
Representantes dos partidos de oposição reúnem-se hoje no Rio a fim de discutir a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as ligações de Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência, com o juiz foragido Nicolau dos Santos Neto. O encontro será na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Os líderes do PT, PDT, PSB e PC do B vão analisar as possibilidades de abertura da CPI e discutir uma estratégia que viabilize a instalação da comissão. O PPS não participará da reunião.
O grupo ainda vai aparar as arestas em relação ao foco da investigação da comissão.
Na semana passada, integrantes da corrente Articulação, majoritária no PT, defenderam que ela deve se restringir ao ex-secretário-geral da Presidência, poupando o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro do Planejamento, Martus Tavares.

Divergência
O PDT quer uma investigação mais ampla, apurando todas as obras superfaturadas. "É consenso de todos. Pode estar havendo divergências de palavras, mas no fundo todo mundo quer a CPI", disse o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ).
Teixeira disse acreditar que será uma tarefa árdua a abertura dessa CPI, a começar pela coleta de assinaturas.
"Não podemos enganar e frustrar a opinião pública com falsos anúncios. Como não temos o número suficiente de assinaturas para garantir a instalação da comissão, teremos que conquistar novos apoios", afirma.
O deputado defende que a comissão investigue todas as obras sabidamente superfaturadas ou em que há suspeitas de superfaturamento para chegar ao que ele chama de "núcleo de poder".
"Restringir ao Eduardo Jorge será uma iniciativa tímida. É preciso investigar os três poderes, pois já está comprovado que R$ 200 milhões não somem sem a participação de pessoas desses setores. É um crime continuado", diz Teixeira.
O deputado federal Milton Temer (PT-RJ), da corrente petista Refazendo, também defende a abertura de comissão de inquérito. Na avaliação dele, a investigação deveria apurar "as relações promíscuas do conjunto de pessoas em torno do Planalto".
Temer já protocolou na Câmara uma denúncia por crime de responsabilidade contra o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A afirmação de Eduardo Jorge de que ele indicava os juízes classistas para o TRT de São Paulo é uma confissão de interferência entre poderes e obstrução da Justiça. Ele deve ser processado por isso", disse o deputado.


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