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INVESTIGAÇÕES
Ministério Público Federal só possui 338 procuradores no país e aguarda criação de 304 vagas desde 1996
Procuradores enfrentam falta de estrutura
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O escândalo do Tribunal Regional do Trabalho jogou os holofotes em cima de um pequeno grupo de procuradores bem articulados, cuja atuação no combate à
corrupção esconde as deficiências
da instituição à qual pertencem:
1. O Ministério Público Federal
opera com quadro insuficiente:
são apenas 338 procuradores em
todo o país. Desde 1996, a instituição aguarda a aprovação de projeto criando 304 novos cargos.
2. Os procuradores queixam-se
da falta de apoio técnico, dependem de investigações feitas pela
polícia e encontram obstáculos
para a realização de perícias e levantamento de provas.
3. O MPF não pode determinar
a quebra do sigilo bancário e fiscal
dos investigados.
Apesar dos obstáculos, nos últimos anos esses paladinos colocaram nas grades alguns banqueiros
e chefes do narcotráfico; hoje investigam juízes e já afastaram alguns administradores públicos.
Não há levantamentos sobre a
produtividade e eficácia do trabalho do MPF. Alguns procuradores
são criticados pelo açodamento:
há vários processos por acusações
públicas a pessoas investigadas.
Essa superexposição na mídia
pode gerar um círculo vicioso:
diante da impunidade reinante,
estimularia o encaminhamento
de novas denúncias ao MPF, aumentando a carga de trabalho de
uma equipe reduzida e desproporcional ao número de juízes.
Para saber o que pensam esses
"intocáveis" e as dificuldades que
enfrentam, a Folha entrevistou
oito procuradores federais e dois
promotores estaduais: Maria Luísa Duarte, Isabel Groba Vieira, José Carlos Blat, Airton Florentino
de Barros, Mário Luiz Bonsaglia,
que atuam em São Paulo; Artur
Gueiros, Raquel Branquinho e
Rogério Nascimento, no Rio; e
Luiz Francisco de Souza e Carlos
Frederico Santos, em Brasília.
Alvos de elogios e críticas, eles
estão convencidos de que fazem a
lei chegar a áreas antes intocadas,
punindo grupos privilegiados e
alargando o acesso à justiça para
os excluídos. Em gabinetes estreitos, entre torres de processos, eles
revelam seus ídolos e estilos.
Luiz Francisco pendurou um
pôster desbotado de Joana d'Arc,
a heroína francesa; Rogério emoldurou uma reprodução de "Guernica", do pintor Pablo Picasso,
que retrata efeitos de bombardeios na Guerra Civil Espanhola.
Gueiros exibe sob o vidro da sua
mesa de trabalho uma mensagem
de cumprimentos de Marilene
Franco, juíza que já morreu, e que
deu nome ao fórum criminal federal carioca; Blat estende na parede um grande painel, fluxograma das ramificações de um grupo
do crime organizado.
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