São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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ELEIÇÕES
Moradores de cidades governadas por tucanos recebem R$ 6.157 por habitante, contra R$ 51 das cidades petistas
Covas privilegia as prefeituras do PSDB

Juca Varella - 2.jun.2000/Folha Imagem
O governador Mário Covas (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes


LUCAS FIGUEIREDO
MARCELO SOARES

DA REPORTAGEM LOCAL

As prefeituras paulistas administradas pelo PSDB foram privilegiadas na última liberação de verbas do governo tucano de Mário Covas antes da eleição.
No pacote de R$ 337 milhões liberados no último dia 30 aos municípios, as administrações tucanas receberam o equivalente a R$ 6.157 por habitante. Esse valor é duas vezes e meia maior que o total de recursos recebidos, por habitante, pelas prefeituras controladas pelo segundo partido mais bem colocado, o PFL: R$ 1.723.
Quando comparado com os municípios administrados pelo PT -principal partido de oposição ao governo Covas-, a diferença é ainda maior. Os moradores de cidades petistas receberam, cada um, em média, R$ 51.
Ou seja, os habitantes de cidades tucanas valem 120 vezes mais que moradores de municípios petistas. De acordo com levantamento feito pela Folha, o PSDB -que administra 41,93% das cidades no Estado- ficou com pouco mais da metade dos R$ 337 milhões liberados.
Analisando apenas os partidos que administram pelo menos dez municípios no Estado, as cidades governadas pelo PSDB também saíram ganhando no número de convênios aprovados.
Foram 2,45 empenhos por prefeitura tucana, em média. O partido que vem logo em seguida é o PFL, com 1,78 empenho por prefeitura, em média.
Já as prefeituras do PT tiveram, também em média, 1,5 convênio aprovado cada uma.
O partido do governador Covas levou vantagem em outra categoria. O PSDB controla 31 das 45 cidades que foram beneficiadas com cinco ou mais empenhos.
A cidade com mais convênios aprovados (dez) é Limeira, administrada pelo PSDB. Vários prefeitos tucanos afirmaram à Folha que seus pedidos são antigos -alguns têm mais de dois anos- mas só agora foram liberados.

Ano eleitoral
O PSDB paulista elegeu 221 prefeituras em 1996. Com as trocas de partido dos prefeitos, os tucanos passaram a administrar 270 municípios paulistas neste ano.
O governador Mário Covas liberou os recursos no penúltimo dia permitido por lei em ano eleitoral. O anúncio da liberação das verbas foi feito no último dia 29, a três meses antes das eleições de 1º de outubro, quando serão eleitos prefeitos e vereadores.
Dos 644 municípios do Estado, 539 foram beneficiados com recursos do governo paulista.
O total de recursos liberados equivale a 14,65% das verbas enviadas às prefeituras nos cinco anos e meio da gestão Covas. Os projetos da área de transportes -incluindo asfaltamento de estradas- receberão mais da metade da verba (R$ 126,7 milhões).
O partido dos tucanos, que controla 41,93% das prefeituras do Estado, ficou com 50,55% do total de verbas. Em seguida vem o PFL, partido que administra 11,34% dos municípios de São Paulo, com 12,4% dos recursos.
Em terceiro lugar, com 11,31% das verbas, vem o PTB, que governa 11,65% das cidades do Estado. Já o PMDB ficou com 5,61% dos recursos liberados, sendo que o partido possui 14,44% das prefeituras paulistas.
O PT, principal partido de oposição ao governo estadual, recebeu menos dinheiro que a proporção de prefeituras que tem. O partido ficou 1,92% dos recursos, apesar de administrar 2,17% dos municípios do Estado.

"Ninguém é discriminado"
Na solenidade de liberação das verbas, Covas fez questão de afirmar: "Ninguém neste governo é discriminado", referindo-se a prefeitos de outros partidos que também receberam verbas.
Com faixas e simpatizantes vestindo camisetas do partido, prefeitos do PSDB aproveitaram a ocasião para fazer campanha pela reeleição em outubro.
Na cerimônia, a prefeita de Taquarivaínem, Maria Sebastiana Cardoso Prioche, escolhida para discursar em nome dos prefeitos, disse: "Ele será nosso futuro presidente da República". Foi acompanhada por uma salva de palmas das 1.500 pessoas presentes.
Covas declarou que não sabia quem seria o candidato do partido à Presidência em 2002: "Vou apoiar aquele que a maioria do partido escolher. Mas eu não serei". E reafirmou: "Eu não sou candidato. Estou velho".


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