|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES
Moradores de cidades governadas por tucanos recebem R$ 6.157 por habitante, contra R$ 51 das cidades petistas
Covas privilegia as prefeituras do PSDB
Juca Varella - 2.jun.2000/Folha Imagem
|
O governador Mário Covas (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes |
LUCAS FIGUEIREDO
MARCELO SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
As prefeituras paulistas administradas pelo PSDB foram privilegiadas na última liberação de
verbas do governo tucano de Mário Covas antes da eleição.
No pacote de R$ 337 milhões liberados no último dia 30 aos municípios, as administrações tucanas receberam o equivalente a R$
6.157 por habitante. Esse valor é
duas vezes e meia maior que o total de recursos recebidos, por habitante, pelas prefeituras controladas pelo segundo partido mais
bem colocado, o PFL: R$ 1.723.
Quando comparado com os
municípios administrados pelo
PT -principal partido de oposição ao governo Covas-, a diferença é ainda maior. Os moradores de cidades petistas receberam,
cada um, em média, R$ 51.
Ou seja, os habitantes de cidades tucanas valem 120 vezes mais
que moradores de municípios petistas. De acordo com levantamento feito pela Folha, o PSDB
-que administra 41,93% das cidades no Estado- ficou com
pouco mais da metade dos R$ 337
milhões liberados.
Analisando apenas os partidos
que administram pelo menos dez
municípios no Estado, as cidades
governadas pelo PSDB também
saíram ganhando no número de
convênios aprovados.
Foram 2,45 empenhos por prefeitura tucana, em média. O partido que vem logo em seguida é o
PFL, com 1,78 empenho por prefeitura, em média.
Já as prefeituras do PT tiveram,
também em média, 1,5 convênio
aprovado cada uma.
O partido do governador Covas
levou vantagem em outra categoria. O PSDB controla 31 das 45 cidades que foram beneficiadas
com cinco ou mais empenhos.
A cidade com mais convênios
aprovados (dez) é Limeira, administrada pelo PSDB. Vários prefeitos tucanos afirmaram à Folha
que seus pedidos são antigos
-alguns têm mais de dois
anos- mas só agora foram liberados.
Ano eleitoral
O PSDB paulista elegeu 221 prefeituras em 1996. Com as trocas de
partido dos prefeitos, os tucanos
passaram a administrar 270 municípios paulistas neste ano.
O governador Mário Covas liberou os recursos no penúltimo dia
permitido por lei em ano eleitoral.
O anúncio da liberação das verbas
foi feito no último dia 29, a três
meses antes das eleições de 1º de
outubro, quando serão eleitos
prefeitos e vereadores.
Dos 644 municípios do Estado,
539 foram beneficiados com recursos do governo paulista.
O total de recursos liberados
equivale a 14,65% das verbas enviadas às prefeituras nos cinco
anos e meio da gestão Covas. Os
projetos da área de transportes
-incluindo asfaltamento de estradas- receberão mais da metade da verba (R$ 126,7 milhões).
O partido dos tucanos, que controla 41,93% das prefeituras do
Estado, ficou com 50,55% do total
de verbas. Em seguida vem o PFL,
partido que administra 11,34%
dos municípios de São Paulo,
com 12,4% dos recursos.
Em terceiro lugar, com 11,31%
das verbas, vem o PTB, que governa 11,65% das cidades do Estado.
Já o PMDB ficou com 5,61% dos
recursos liberados, sendo que o
partido possui 14,44% das prefeituras paulistas.
O PT, principal partido de oposição ao governo estadual, recebeu menos dinheiro que a proporção de prefeituras que tem. O
partido ficou 1,92% dos recursos,
apesar de administrar 2,17% dos
municípios do Estado.
"Ninguém é discriminado"
Na solenidade de liberação das
verbas, Covas fez questão de afirmar: "Ninguém neste governo é
discriminado", referindo-se a
prefeitos de outros partidos que
também receberam verbas.
Com faixas e simpatizantes vestindo camisetas do partido, prefeitos do PSDB aproveitaram a
ocasião para fazer campanha pela
reeleição em outubro.
Na cerimônia, a prefeita de Taquarivaínem, Maria Sebastiana
Cardoso Prioche, escolhida para
discursar em nome dos prefeitos,
disse: "Ele será nosso futuro presidente da República". Foi acompanhada por uma salva de palmas
das 1.500 pessoas presentes.
Covas declarou que não sabia
quem seria o candidato do partido à Presidência em 2002: "Vou
apoiar aquele que a maioria do
partido escolher. Mas eu não serei". E reafirmou: "Eu não sou
candidato. Estou velho".
Texto Anterior: Nascimento cuida da saúde Próximo Texto: Distribuição é igualitária, diz secretário Índice
|