São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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Discurso prega "disciplina" contra volta da inflação

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em Brasília, o presidente Fernando Henrique Cardoso alertou ontem para a impossibilidade de cumprimento das promessas de gastos públicos dos candidatos à sua sucessão, para os quais "o céu é o limite". Pregando a "disciplina financeira" e reconhecendo que já se chegou ao limite de aumento de impostos, FHC insistiu na possibilidade de volta da inflação.
"[A distribuição do Orçamento] é uma ginástica complexa que só é boa quando a gente é candidato, porque aí o céu é o limite. E [o candidato] oferece tudo. Quando chegar a hora de realizar, vai ver que restrições são grandes e que é preciso manter prioridades dentro das restrições", disse em discurso para cerca de cem pessoas ligadas à área médica, no lançamento da 4ª Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.
"A restrição diz respeito a que a sociedade tem um limite do que ela pode pagar sob forma de imposto. Mais do que um certo limite não pode, e eu creio que nós chegamos já a ele", completou.
Para FHC, "é preciso que o Brasil não perca o rumo da responsabilidade fiscal, não volte ao processo inflacionário. Se o governo solta a rédea e começa a gastar mais do que pode, é questão de poucos meses, e o povo paga sob a forma de inflação".
Para o presidente, os governos anteriores estavam "casados" com a inflação porque a desvalorização da moeda ajudava a equilibrar o orçamento estourado.
"A inflação muita gente gosta ou gostava no passado porque não precisava de lei para aumento de imposto, era automático [...]. A inflação faz sempre bem aos governos porque é muito fácil gerir um Orçamento quando se tem inflação, é só atrasar", disse.
Ao lembrar os avanços da Saúde, FHC citou duas vezes o nome do candidato governista à Presidência, José Serra. Apesar disso, disse que as melhoras no setor se devem ao trabalho de muita gente: "Não foi só um ministro".


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