São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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JANIO DE FREITAS

Desgoverno real

Seja qual for a sua causa, a desvalorização imposta ao real pelos bancos e casas de câmbio é, antes de qualquer outra coisa, maléfica ao país. A responsabilidade maior é, portanto, bem definida.
Ou se trata de mero movimento oportunista, e o governo, dispondo dos instrumentos do Banco Central e da Polícia Federal, tem meios e tem o dever constitucional de identificar os puxadores do movimento; ou a alta é devida a atitudes do BC em relação à dívida externa, como já foi dito, e à compra de dólar por empresas que não conseguem prorrogar suas dívidas, e então são problemas diretamente ligados à administração, ou melhor, à má administração financeira e econômica.
Embora insistindo nas causas eleitorais, em parte para salvar a própria face pelo tanto que disse isso, parte da mídia já tem admitido a participação do BC e da dívida empresarial na origem da alta do dólar. Não deixa de ser um avanço, mas está longe do que deve ser informado sobre o que se passa na mal denominada política cambial.

Novo tema
José Serra tem o problema de que, além de não subir desde agosto, desce dentro da margem de erro. Mas não só. José Serra tem o problema da subida de Anthony Garotinho, que com ele já está em situação de empate técnico, tanto na pesquisa estimulada como na declaração espontânea do eleitor indagado. Mas não é só.
José Serra tem um problema que, embora pouco realçado na mídia, provavelmente é o que mais o dificulta neste final da disputa. É a sua rejeição no eleitorado: além de única a subir entre os candidatos, o faz com velocidade superior a 10% em apenas três semanas.
A rejeição muito alta e veloz irradia perda de votos, mas, ainda de maior importância para Serra, traduz-se em dificuldade de reação. No caso, reação a Garotinho, cuja subida de cinco pontos, que representam avanço de 50% em três semanas, insinuam algo mais.
As conversas da semana abriram-se com a inclusão de um tema novo: a possibilidade de que Anthony Garotinho confirme suas afirmações de que, no dia das eleições, estará em segundo nas pesquisas.


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