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CAMPANHA
Em reunião, tucano e marqueteiro se desentendem e FHC intercede para apaziguar; candidato terá mais controle sobre programas de TV
Serra diverge de Nizan sobre ataques ao PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Estagnado nas pesquisas há
mais de duas semanas, o tucano
José Serra decidiu fazer correções
no programa de TV, interferindo
nas decisões do marqueteiro de
sua campanha presidencial, o publicitário Nizan Guanaes.
A Folha apurou que houve um
desentendimento entre Serra e
Nizan sobre a dosagem do ataque
a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na
TV. Nizan não gostou de Serra ter
iniciado consultas a políticos, empresários e até a outros marqueteiros sobre a conveniência prática de continuar a atacar Lula pesadamente ou não.
Uma discussão teria ocorrido
anteontem à noite, quando o candidato se reuniu em São Paulo
com o publicitário Nelson Biondi,
o coordenador de comunicação
da campanha, João Roberto Vieira da Costa, e o cientista político
Antônio Lavareda, que analisa
pesquisas, além de Nizan.
O marqueteiro-chefe da campanha ficou contrariado com as críticas e com as consultas de Serra,
vistas por como uma desautorização a seu trabalho. Tanto Nizan
como Serra negaram ontem o desentendimento.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso
foi acionado e intercedeu pessoalmente ontem para apaziguar os
ânimos na campanha tucana.
Nizan foi o pai da estratégia de
bombardeio pesado a petistas para atingir Lula, expediente criticado pela ala política da campanha
-inclusive por FHC, que foi o
maior fiador da entrada de Nizan
na campanha de Serra.
FHC disse em conversas reservadas que foi um erro deixar o debate programático com Lula e
partir para ataques diretos ao presidente do PT, o deputado José
Dirceu (SP), e abordar diretamente a falta de diploma universitário do petista. Para FHC, Serra
reforçou o carimbo de destruidor
e não o de mais preparado.
Desde o meio da semana passada, quando aliados políticos de
Serra manifestaram dúvida sobre
a eficácia do bombardeio pesado
a Lula, o clima começou a piorar.
A última pesquisa Datafolha agravou as divergências. O levantamento mostrou aumento da
chance de Lula vencer no primeiro turno. Lula subiu para 44%;
Serra oscilou negativamente para
19%; Anthony Garotinho (PSB)
atingiu 15% e Ciro Gomes (PPS)
oscilou negativamente para 13%.
Agora, a campanha de Serra estria dividida entre atacar mais,
opção defendida por Nizan, ou fazer uma propaganda mais propositiva, sem abandonar críticas dosadas a Lula. No sábado à noite, o
tucano mudou o tom adotado anteriormente e foi propositivo.
Segundo um tucano próximo a
Serra, a influência do candidato
sobre o programa de TV tende a
aumentar. Até a semana passada,
Nizan tinha praticamente carta
branca devido ao cacife conquistado com a forte campanha negativa que derrubou Ciro Gomes
(PPS) do segundo lugar.
Atrito negado
A assessoria de imprensa da
campanha negou ter havido atrito
com Nizan. Segundo os auxiliares, ocorreram "discussões normais", e o programa de TV terá
mudanças "pontuais".
Nizan não foi trabalhar ontem,
quando Serra e auxiliares reestruturavam o programa que vai ao ar
hoje, porque está doente e febril,
informou a assessoria.
Além da correção de rumos na
TV, Serra concentrará os últimos
dias da campanha nos três maiores colégios eleitorais do país: São
Paulo, Minas e Rio. Objetivo: diminuir a diferença que tem em relação a Lula e a Garotinho.
Colaborou a Reportagem Local
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