São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CURITIBA

Na reta final, governador do Paraná, do PMDB, tenta reverter tendência de vitória de tucano Beto Richa contra Ângelo Vanhoni

Requião deve se licenciar para ajudar petista

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O PT de Ângelo Vanhoni aposta no governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), como arma no corpo-a-corpo da última semana de campanha à Prefeitura de Curitiba. Requião deve deixar o cargo na terça-feira para dedicar tempo integral ao esforço de eleger seu candidato na capital do Estado. Para conseguir o feito, terá de reverter a tendência de vitória de Beto Richa (PSDB) apontada nas pesquisas.
A licença do governo foi indicada pelo próprio Requião na inauguração de um comitê de campanha pró-Vanhoni na noite de quinta-feira e, desde sexta-feira, é o desejo coletivo e inconfesso do comando da campanha petista.
Uma pesquisa Ibope divulgada pela RPC (Rede Paranaense de Comunicação) deu ao tucano oito pontos à frente do petista (49% a 41%, com margem de erro de três pontos percentuais). Richa venceu a eleição de primeiro turno, fazendo 35,06% dos votos. Vanhoni fez 31,18%.
"É bastante provável que o governador se licencie na próxima semana", disse seu porta-voz, Benedito Pires, na sexta. Segundo o assessor, o assunto seria amadurecido neste final de semana e, em caso de confirmação, o afastamento se dará na terça. Até ontem, porém, não havia movimentação da burocracia para a transferência do cargo ao vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB).
Uma eventual derrota do petista em Curitiba será dividida com o governador. Vanhoni concorre em uma aliança que tem o vice do PMDB (Nizan Pereira, ex-secretário de Requião).
Segundo o porta-voz do governo, a licença deve representar "todo o otimismo possível de que o quadro é reversível" em uma semana. "Oito pontos não são uma diferença intransponível e pode não ser tudo isso", diz Pires.

Qualitativas
Ele afirma que as pesquisas qualitativas de monitoramento interno do PT conferem a Requião a condição de cabo eleitoral com maior capacidade de transferência de votos do que o presidente Lula -que esteve em Curitiba segunda e terça e gravou para Vanhoni- e o prefeito Cassio Taniguchi (PFL) -que teve o apoio rejeitado por Richa, seu vice.
O PT ainda aposta em megacomícios que vai promover na cidade na reta final -três com Alexandre Pires, um com Jota Quest e um com Leonardo e a dupla Bruno e Marrone. Os eventos abrem possibilidade ao candidato, segundo os matemáticos do partido, de falar a um público de 300 mil pessoas.
No comitê do PSDB não há arma especial, nem grandes estrelas programas para a reta final, segundo o coordenador-geral, Fernando Ghignone. "É a semana do mano a mano, que fecha com o debate [na TV Paranaense, afiliada da Globo], na sexta-feira", diz.
Ghignone afirma que há confiança na militância. "O pessoal está entusiasmado [com o registro de vantagem nas pesquisas] e, com isso, reforça o trabalho voluntário de porta em porta".
Com votos mais consolidados nas classes A e B, Richa, segundo Ghignone, não teme uma debandada de curitibanos no feriado do Finados. "Estamos vivendo em um país pobre", diz, com ironia. Mas, para afastar qualquer risco, a propaganda eleitoral tucana vai reforçar o pedido para que o eleitor só viaje depois de votar.


Texto Anterior: Para Serra, choro foi "figuração e truque'
Próximo Texto: Porto Alegre: Capital gaúcha vive dia de confrontos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.