São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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Ministério levou 35 anos para ser criado

DA COLUNISTA DA FOLHA

O primeiro ministro da Defesa da história do Brasil, advogado, ex-governador e ex-senador Elcio Alvares, assumiu em 10 de junho de 1999 e caiu seis meses depois, suspeito de ser sócio de uma assessora que estava sendo investigada por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
"Tudo uma campanha solerte de adversários políticos", disse Alvares na semana passada. "Foi uma das melhores experiências da minha vida e deixei bons amigos nas Forças Armadas".
O grande mérito do segundo ministro, ex-advogado geral da União Geraldo Quintão, foi ficar quieto. Nem criava problemas nem fatos. Ficou de janeiro de 2000 a janeiro de 2003, acabou o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e começou o de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quintão elogiou a retratação do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, na semana passada: "A nota do Albuquerque foi muito boa, porque a primeira [nota que enaltecia a ditadura militar] era inadequada".
O terceiro ministro é o embaixador José Viegas, que já assumiu sob a desconfiança de que seria o representante de uma corporação (a dos diplomatas) tentando comandar outra (a dos militares). O Ministério da Defesa levou 35 anos para ser criado. Os problemas de então continuam sendo os de hoje: hegemonia do Exército, insatisfação com os soldos e equipamentos obsoletos, tudo exigindo pesados recursos -que o governo sempre diz não ter.


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