São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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Alda Inês não fala sobre Beira-Mar

LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

RICARDO GALHARDO
enviado especial a Brasília

Alda Inês dos Anjos Oliveira se negou ontem a dar informações à CPI do Narcotráfico sobre a atuação da quadrilha de seu ex-namorado Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, considerado o maior traficante do Rio de Janeiro. Ela disse não confiar no programa de proteção a testemunhas de crimes.
"Eu não preciso (do programa). Não fiz nada disso. Esse programa não vai para a frente", afirmou Alda Inês.
A possibilidade de inclusão de testemunhas no programa, que prevê inclusive redução de pena, tem sido usada pela CPI para obter informações sobre o tráfico de drogas no país.
Ontem, Alda Inês negou o depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, no último dia 3, no qual contou detalhes da atuação da quadrilha de Beira-Mar. "Não dei depoimento. Falei meia dúzia de palavras e eles me deram um depoimento para assinar."
Ela insinuou ter sido forçada a assinar o depoimento. "Eles têm de provar. Alguém prova que eu estive lá, que eu assinei de livre e espontânea vontade?", afirmou, demonstrando ter recebido orientação para não falar.
No depoimento à CPI, que até o fechamento desta edição não havia se encerrado, Alda Inês disse ter sido "uma simples namorada" de Fernandinho Beira-Mar em 1992, quando tinha entre 13 e 14 anos. A polícia suspeita que ela integrava a cúpula da quadrilha.
Ela afirmou que Fernandinho Beira-Mar não lhe contava "coisas pessoais" e que os dois se encontravam quinzenalmente, pois o traficante morava em Belo Horizonte.
Integrantes da CPI não tinham dúvidas de que ela mentiu. "A senhora está mentindo descaradamente. Se a senhora sabe que ele arrendava fazendas, é porque contava coisas pessoais", disse o deputado Reginaldo Germano (PFL-BA).
Alda Inês caiu em contradição durante o depoimento. Primeiro disse que não falava com Fernandinho Beira-Mar desde que eles terminaram o namoro. Depois afirmou que se encontrou com ele há um ano.
Ela também se confundiu ao informar o local do encontro. Inicialmente, afirmou ter se encontrado com o traficante no Paraguai. Depois, disse ter sido numa fazenda arrendada em Ponta Porã (MS). Ela afirmou que foi ao Paraguai fazer compras.


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