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PARTIDOS
Genoino, líder da legenda na Câmara, defende tese semelhante
Presidente do PT rechaça
"programa socialista"
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
PATRÍCIA ANDRADE
enviada especial a Belo Horizonte
A tese defendida pelo líder do
PT na Câmara, José Genoino
(SP), de que o socialismo é atualmente apenas uma "referência",
ganhou uma adesão pública e de
peso nas discussões para o 2º
Congresso Nacional do partido,
que começa hoje em Belo Horizonte.
O presidente nacional do partido, deputado José Dirceu (SP),
candidato dos moderados à reeleição, defendeu anteontem posição semelhante à de Genoino.
"Se for para a esquerda apresentar um programa socialista, não
vamos derrotar Fernando Henrique", afirmou Dirceu, que, se for
eleito, irá para o terceiro mandato
na presidência do PT. "A sociedade não está colocando a questão
do socialismo agora, por isso
apresentamos um programa para
fazer mudanças sociais, políticas e
econômicas profundas no país",
completa o deputado.
Essa proposta traz embutido
um forte pragmatismo, já que a
expressão socialismo poderia
afastar os potenciais eleitores do
PT, que nas últimas três eleições
presidenciais não conseguiu ultrapassar 30% dos votos.
O congresso petista terá a duração de cinco dias e vai discutir os
rumos do partido para os próximos anos, como será feita a oposição ao governo FHC, as estratégias de ação para as campanhas
de 2000 e 2002, além de eleger o
novo presidente e o Diretório Nacional da legenda.
Um dos debates que prometem
esquentar o clima é justamente
sobre o novo perfil do PT: o partido continuará se afirmando como
uma legenda socialista ou abandonará essa bandeira?
A tese intitulada "Por uma revolução democrática", assinada pela
corrente Articulação/Unidade na
Luta, da qual fazem parte Dirceu e
Luiz Inácio Lula da Silva, afirma
que o socialismo é uma "possibilidade histórica aberta para a humanidade na era do capitalismo"
e diz que, para chegar a isso, será
preciso primeiro implantar no
Brasil um projeto "de reorganização da sociedade, da economia e
da política".
Genoino, por sua vez, critica o
modelo de socialismo baseado
em uma economia planejada e dirigida por um único partido e diz
que o PT tem que se afirmar como
uma legenda de "esquerda, anticapitalista, que defende uma sociedade democrática e justa, baseada nos valores do socialismo".
Muitos moderados defendem
que o PT comece, neste congresso, a tirar o "esqueleto do armário", ou seja, a se livrar de uma posição ortodoxa de defesa do socialismo. "Eu acho que o socialismo
é uma possibilidade histórica
muito pouco provável", afirma o
moderado Humberto Costa (PE),
ex-deputado federal e membro da
Executiva Nacional do partido.
A "esquerda" petista promete
brigar muito no congresso para
que essa visão não saia vencedora.
Candidato dos radicais à presidência do PT, o deputado Milton
Temer (RJ) diz que a discussão
sobre se o partido é ou não socialista não será central no encontro
"de jeito nenhum". "Ninguém no
PT nega o socialismo. A única tese
que tratou disso foi a do Genoino", diz Temer.
A senadora Heloisa Helena
(AL), integrante da corrente esquerdista Democracia Socialista,
sustenta que o PT faça a reafirmação do socialismo.
"Esse não é um discurso utópico, do passado, mas é o próprio
fracasso do capitalismo que cria
condições para isso", diz a senadora.
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