São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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NO AR
A CPI e o motel

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

A sociedade do espetáculo estreou na política com os pseudo-eventos de uma CPI. É o que aponta um clássico da área, "The Image" (61).
Era a Comissão de Atividades Antiamericanas, com suas audiências ao vivo na TV, então nascente. Lembra muito a CPI do Narcotráfico.
Ontem, como simulacros de Roy Cohn, lendário questionador do macarthismo, os deputados se lançaram ao espetáculo, na Globo News.
Fizeram perguntas carregadas de juízo moral, como "o que leva a namorar bandido?" ou "você alguma vez foi ao motel com o Fernando?".
Como "os heróis", no dizer da Globo News, nada conseguissem de efetivo, logo partiram para a ofensa:
- A senhora está mentindo descaradamente. A senhora está mentindo! Mentindo!
Era um espetáculo. Os deputados da CPI precisaram encenar alguma coisa, até para não perder a audiência.

As Globos saíram dizendo que a Justiça "de São Paulo" impôs a "primeira derrota" à CPI, ao aprovar habeas corpus para um advogado.
Voltando ao macarthismo, vale notar que a comissão desandou quando foi mexer com poderes maiores, no caso, os militares americanos.
Talvez a CPI tenha chegado a esse ponto quando sugeriu a intervenção, anteontem, no Estado de São Paulo.
Institucionalmente impotentes diante do Judiciário, os deputados resmungavam pelos cantos da Internet, contra os "juízes paulistas".

"Notícias do Planalto - A Imprensa e Fernando Collor", de Mario Sergio Conti (Cia. das Letras), chega hoje às livrarias num momento de muitas coincidências, da reabertura do caso PC à volta de Collor e Alberico Souza Cruz à TV.
O livro, registre-se, afirma que Cruz foi responsável pela edição do debate de 89.

E-mail: nelsonsa@uol.com.br


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