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Trio participou da implantação do Real
do Banco de Dados
A queda de Luiz Carlos Mendonça de Barros, seu irmão José Roberto e André Lara Resende simboliza a perda de influência de um
grupo de economistas que, desde o
governo Sarney (85-90), tem sido
decisivo para os rumos da economia brasileira.
Eles estiveram na origem ou ajudaram a implantar dois dos três
principais planos de estabilização
econômica lançados após a redemocratização -o Cruzado, em 86,
e o Real, nas gestões Itamar Franco
e Fernando Henrique Cardoso.
Também compõem esse grupo
outros economistas que fizeram
parte da equipe econômica que
elaborou o Cruzado e passaram
pelo governo FHC.
É o caso de Pérsio Arida, Edmar
Bacha e Francisco Lopes. Arida foi
presidente do Banco Central, e Bacha, do BNDES.
Lopes é o último remanescente
-segue como diretor de Política
Monetária do BC.
A passagem mais ruidosa pelo
governo FHC foi a de Luiz Carlos
Mendonça de Barros, 55, engenheiro de produção com doutorado em economia pela Unicamp.
Ocupou dois cargos-chaves. Na
presidência do BNDES, geriu o
processo de privatização, considerado vital para o sucesso do Real;
como ministro das Comunicações,
administrou a conclusão da privatização do Sistema Telebrás.
Teve a difícil missão de suceder o
ministro Sérgio Motta, que era o
principal articulador político de
FHC, mas morreu em abril.
Motta tinha um estilo truculento
de fazer política. Apesar de seu
perfil técnico, Mendonça de Barros tentou manter a temperatura.
Em junho, por exemplo, afirmou
que os paulistas deveriam esperar
a Telesp ser privatizada para comprar um telefone celular. A declaração lhe rendeu críticas.
Em outubro, viajou para Madri e
foi acusado de ter suas despesas
pagas pela Telefónica de España,
empresa que havia comprado a Telesp fixa e a Telesp Sudeste Celular
no leilão de privatização da Telebrás. Saiu desgastado do episódio.
A conclusão da privatização do
sistema estatal de telefonia a grande realização de sua gestão à frente
do ministério.
Foram arrecadados R$ 22,058 bilhões na venda das 12 empresas em
que o Sistema Telebrás foi dividido. Acabou, porém, caindo devido
à divulgação de conversas telefônicas grampeadas em que o que estava sendo tratado era exatamente
esse leilão.
As gravações levantaram a suspeita de que ele teria favorecido, no
leilão, o consórcio liderado pelo
banco Opportunity. Um dos controladores do Opportunity é Pérsio
Arida, seu amigo e antigo colega
no governo Sarney.
Mendonça de Barros foi sócio de
André Lara Resende no Matrix,
um bem sucedido banco de investimentos. Deixou o banco para entrar no governo.
Lara Resende, que é doutor em
economia pelo MIT (Massashusetts Institute of Tecnology), seguiu o mesmo caminho. Em 93 e
94, atuou como negociador da dívida externa brasileira.
Voltou ao governo em setembro
de 97, como assessor especial de
FHC, com a missão de elaborar um
projeto de reforma da Previdência.
Em junho chegou à presidência
do BNDES, em substituição a seu
amigo Mendonça de Barros.
Estimado por FHC, Lara Resende era um dos auxiliares mais ouvidos pelo presidente. Chegou mesmo a ser cogitado para substituir
Malan na Fazenda, caso o ministro
confirmasse o desejo de deixar o
cargo no segundo governo FHC.
Menos em evidência que seu irmão, José Roberto Mendonça de
Barros, 54, que possui pós-doutorado em economia pela Universidade de Yale (EUA), teve uma posição de influência no governo.
Ocupou a Secretaria de Política
Econômica do Ministério da Fazenda, destacando-se como um
auxiliar muito próximo ao presidente.
Em março de 98 foi escolhido como secretário-executivo da Camex
(Câmara de Comércio Exterior),
criada com o fim de incentivar as
exportações brasileiras.
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