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EVANGÉLICOS
Pressão a Lula gera atrito
Senador e ministra já criticam novo fórum
MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Antes mesmo de promover suas
primeiras ações públicas, o Fenasp (Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política) já está criando polêmica entre seus
próprios integrantes. Ontem, o
senador Magno Malta (PL-ES),
batista, disse que não irá participar da entidade se ela tiver como
objetivo pressionar o presidente
Lula por mais espaço para os
evangélicos no governo.
A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, também estranhou
seu nome estar relacionado no
Conselho Político da entidade.
"Sou a favor de fóruns de discussão que reúnam os evangélicos e ajudem a propagar os valores cristãos. Mas em relação a esta
entidade específica, não sei, não
fui contatada, não faço parte e
acho incoerente participar porque pertenço ao governo."
Vice-líder governista no Senado, Magno Malta disse que não
pode ir contra Lula. No estatuto
da Fenasp, ele aparece como presidente do seu Conselho Político.
O senador disse que sofreu uma
"saia justa" do presidente do Fórum, pastor Robson Rodovalho,
dirigente da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, que o indicou para o cargo sem comunicá-lo. "Nem sabia que eu era presidente do Conselho Político deste Fórum. Sou a favor dele, mas
acho que não pode ser uma entidade para pressionar o governo.
Ela deve ser propositiva. Temos
que ser propositivos", disse.
O presidente do Fórum, bispo
Robson Rodovalho, informou
que a expectativa da entidade é
que o senador Malta aceite a presidência do Conselho. Ele disse
ainda que a entidade não nasceu
para pressionar o presidente Lula
nem para disputar cargos, mas
que seu surgimento "coincide"
com um momento de "esfriamento" na relação entre os evangélicos e o governo. Segundo ele,
havia uma expectativa de participação que não se concretizou.
"A entidade tem como objetivo
defender e representar os valores
do reino de Deus junto ao governo, à sociedade e ao Estado."
Ele informou ainda que a primeira atividade pública do Fórum está mantida: será uma manifestação pública contra o terrorismo e pela paz, às 9h de amanhã, em frente à embaixada dos
Estados Unidos em Brasília.
O Fenasp reúne religiosos e políticos evangélicos ligados ao PT, à
Igreja Universal e ao ex-governador Anthony Garotinho. Exceto
os petistas, os fundadores do Fórum apoiaram Lula apenas no segundo turno. No primeiro, estiveram com Garotinho.
Malta disse concordar com as lideranças evangélicas que reclamam da pouca representação em
órgãos consultivos, como os conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social e de Segurança
Alimentar. Mas ponderou: "O PT
ganhou a eleição e eles sempre tiveram como aliados a Igreja Católica. Não podemos exigir o mesmo espaço do dia para a noite. Isso vem com o tempo."
Malta confirmou que ele e o deputado Walter Pinheiro foram
procurados pelo ministro-chefe
da Casa Civil, José Dirceu, que
lhes pediu nomes para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Os dois indicados,
porém, acabaram excluídos.
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