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SOMBRA NO PLANALTO
AGU entra com recursos contra medidas que autorizaram reabertura de duas casas
Governo tenta derrubar liminares de bingos em SC
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo entrou com recursos
ontem à tarde no TRF (Tribunal
Regional Federal) da 4ª Região
contra duas das três liminares que
autorizaram o funcionamento de
casas de bingo em Santa Catarina,
pedindo que elas sejam cassadas.
Os recursos foram elaborados
pela AGU (Advocacia Geral da
União). O órgão, que representa o
governo judicialmente, também
prepara a contestação da terceira
liminar. A expectativa é que a decisão do TRF nos dois primeiros
processos saia hoje.
Nas três ações, os bingos dizem
que estão autorizados a funcionar
por uma lei estadual e contestam
a validade da medida provisória
editada na última sexta-feira pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva proibindo a exploração dessa
atividade no país. Já o governo diz
que os Estados não podem legislar sobre a questão. "As liminares
afrontam a competência federal
em matéria de sorteios e jogos de
azar", disse em Salvador o ministro Álvaro Augusto Ribeiro da
Costa (Advocacia Geral a União).
Paralelamente ao esforço para
cassar as liminares, a AGU está
convencida de que precisará derrubar, uma a uma, as decisões judiciais que autorizam a exploração do bingo que foram tomadas
antes da edição da MP. Parte dos
1.100 estabelecimentos filiados à
Abrabin (Associação Brasileira
dos Bingos) funciona graças a alguma decisão judicial anterior.
Nesses casos, os advogados da
União precisarão pedir ao juiz de
cada processo que reexamine a
sua liminar levando em conta o
surgimento da MP. O governo argumentará que a MP é um "fato
superveniente" à decisão e que a
medida alterou o cenário jurídico,
o que justificaria a sua cassação.
Entre os filiados à Abrabin, há
também estabelecimentos que estão abertos em razão de decretos
ou leis estaduais. Nesse caso, o governo aguarda que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue rapidamente as ações diretas de inconstitucionalidade contra dez
Estados e o Distrito Federal.
Os ministros do STF deverão
decidir na próxima quarta-feira o
primeiro caso, relativo ao Distrito
Federal. Ele entrou em pauta há
duas semanas e o relator, Carlos
Velloso, votou pela suspensão de
leis que permitem a exploração de
uma loteria, mas a decisão foi
adiada por um pedido de vista do
ministro Carlos Ayres Britto.
Todas essas ações foram movidas pela Procuradoria Geral da
República, e a tese é sempre a
mesma: a Constituição estabelece
a competência exclusiva da União
para legislar sobre "sistemas de
consórcios e sorteios". O julgamento da ação do DF servirá de
referência para a decisão relativa a
dez Estados: Piauí, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso, Rio de
Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul e Goiás. A Folha apurou que a
tendência do STF é derrubar todas as leis e os decretos estaduais.
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