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Exército diz que falta de recursos compromete operação na Amazônia
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA (PA)
O comandante militar da Amazônia, general Cláudio Barbosa
Figueiredo, disse em Altamira, no
oeste do Pará, que as verbas do
governo federal para a operação
Pacajá do Exército na região
-que completa hoje dez dias-
estão até agora "na promessa".
A falta de recursos pode comprometer a maior operação já empregada na Amazônia para conter
conflitos agrários, segundo Figueiredo. O Exército tem tropas
em 18 cidades do oeste paraense.
Figueiredo disse que a operação
não tem prazo definido e que a solução para os problemas de conflitos agrários no Estado depende
do trabalho de órgãos federais como o Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) e o Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Questionado pela Folha sobre
quanto tempo o Exército poderia
ficar na região com os recursos
que possui hoje, o general disse:
"Não dá para ficar nem mais um
dia porque a gente não recebeu
recurso nenhum. É só promessa".
O general disse que a falta de
verbas pode comprometer a duração da operação. Segundo ele, a
operação tem um custo estimado
de R$ 1 milhão por mês.
"Os nossos recursos orçamentários não abrangem essa movimentação de homens. E, principalmente, de helicópteros. O vôo
do helicóptero é caro." O Exército
utiliza sete helicópteros na operação e cerca de 2.000 homens.
A operação Pacajá foi implantada no último dia 16 -quatro dias
após o assassinato da missionária
Dorothy Stang, 73, em Anapu. As
tropas do Exército foram empregadas na área por determinação
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com o objetivo de "garantir a
lei e a ordem no Estado do Pará",
segundo o Exército.
O operação é desenvolvida em
conjunto com os Ministérios da
Justiça, do Meio Ambiente e de
órgãos de Segurança Pública estadual. Integram a operação tropas
da 23ª Brigada de Infantaria de
Selva, sediada em Marabá (PA),
do 1º Batalhão de Infantaria de
Selva, de Manaus (AM), e do 2º
Batalhão de Infantaria de Selva,
de Belém (PA). As tropas têm o
apoio da Força Aérea Brasileira.
O general avaliou como "tranqüila" a situação da região após os
dez dias de operação e disse que o
Exército não tem como atender
ao pedido de ONGs e organizações de direitos humanos que
querem que as Forças Armadas
permaneçam ao menos um ano
na região. "Essa presença de um
ano é muito difícil. Se vier a ordem, nós fazemos. Tem de vir a
ordem e os recursos", disse.
O Exército também aguarda recursos para auxiliar na manutenção de nove trechos intransitáveis
da rodovia Transamazônica, entre Altamira e Anapu.
A assessoria de comunicação do
Ministério da Defesa informou
que o Estado-Maior de Defesa do
ministério não tinha conhecimento das reclamações. Ainda
conforme o órgão, o Comando
Militar da Amazônia receberá os
recursos necessários para a manutenção da tropa na região. A assessoria não soube informar
quando e nem quanto seria enviado para a operação.
Colaborou JOSÉ EDUARDO RONDON,
da Agência Folha
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