São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

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Exército diz que falta de recursos compromete operação na Amazônia

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA (PA)

O comandante militar da Amazônia, general Cláudio Barbosa Figueiredo, disse em Altamira, no oeste do Pará, que as verbas do governo federal para a operação Pacajá do Exército na região -que completa hoje dez dias- estão até agora "na promessa".
A falta de recursos pode comprometer a maior operação já empregada na Amazônia para conter conflitos agrários, segundo Figueiredo. O Exército tem tropas em 18 cidades do oeste paraense.
Figueiredo disse que a operação não tem prazo definido e que a solução para os problemas de conflitos agrários no Estado depende do trabalho de órgãos federais como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Questionado pela Folha sobre quanto tempo o Exército poderia ficar na região com os recursos que possui hoje, o general disse: "Não dá para ficar nem mais um dia porque a gente não recebeu recurso nenhum. É só promessa".
O general disse que a falta de verbas pode comprometer a duração da operação. Segundo ele, a operação tem um custo estimado de R$ 1 milhão por mês.
"Os nossos recursos orçamentários não abrangem essa movimentação de homens. E, principalmente, de helicópteros. O vôo do helicóptero é caro." O Exército utiliza sete helicópteros na operação e cerca de 2.000 homens.
A operação Pacajá foi implantada no último dia 16 -quatro dias após o assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, em Anapu. As tropas do Exército foram empregadas na área por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de "garantir a lei e a ordem no Estado do Pará", segundo o Exército.
O operação é desenvolvida em conjunto com os Ministérios da Justiça, do Meio Ambiente e de órgãos de Segurança Pública estadual. Integram a operação tropas da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Marabá (PA), do 1º Batalhão de Infantaria de Selva, de Manaus (AM), e do 2º Batalhão de Infantaria de Selva, de Belém (PA). As tropas têm o apoio da Força Aérea Brasileira.
O general avaliou como "tranqüila" a situação da região após os dez dias de operação e disse que o Exército não tem como atender ao pedido de ONGs e organizações de direitos humanos que querem que as Forças Armadas permaneçam ao menos um ano na região. "Essa presença de um ano é muito difícil. Se vier a ordem, nós fazemos. Tem de vir a ordem e os recursos", disse.
O Exército também aguarda recursos para auxiliar na manutenção de nove trechos intransitáveis da rodovia Transamazônica, entre Altamira e Anapu.
A assessoria de comunicação do Ministério da Defesa informou que o Estado-Maior de Defesa do ministério não tinha conhecimento das reclamações. Ainda conforme o órgão, o Comando Militar da Amazônia receberá os recursos necessários para a manutenção da tropa na região. A assessoria não soube informar quando e nem quanto seria enviado para a operação.


Colaborou JOSÉ EDUARDO RONDON, da Agência Folha


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