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JANIO DE FREITAS
Os Garotinhos
Os políticos hábeis dizem
que jamais deve ser nomeado
quem não possa ser demitido. O
casal Garotinho dispensou a regra. Para salvar o governo e o relacionamento, Anthony Garotinho tem que acertar ou, na pior
hipótese, acertar da mesma maneira.
O grau de probabilidade do
acerto é, por ora, inestimável. A
previsão mais difundida de insucesso parece, porém, contrariar a
lógica, ao concluir que Anthony
Garotinho aprofundará o choque do governo estadual com o
governo federal e, com isso, haverá mais confusão do que solução
para o Rio.
Anthony Garotinho sabe onde
estão os recursos financeiros e
materiais de que precisará. Tem
esse e vários outros motivos para
negociar acordos e faturar a sua
parte no êxito, se houver. O que
nem lhe exigiria muitos esforços.
Os problemas do governo Rosinha com o federal não se originaram, como foi publicado e
transmitido anteontem, de propósitos intervencionistas do governo Lula no Rio. O desentendimento vem de janeiro, quando
Rosinha se viu sem verba estadual e sem a pedida ajuda federal para pagar o 13º deixado na
pendura pela petista Benedita da
Silva. O assunto intervenção decorreu de um equívoco jornalístico no começo de março, quando
a proposta federal de Sistema
Único de Segurança Pública (introduzido nesta semana no Espírito Santo) foi tomada como proposta de intervenção nas polícias
fluminenses. Indagada sobre a
notícia, Rosinha reagiu com vigor.
De lá para cá, de vez em quando o assunto ressurge, sem superar uma contradição primordial:
o governo que anuncia o envio
de projetos de reforma constitucional ainda em abril não pensaria em intervenção alguma, durante a qual o Congresso estaria
impedido, pelo artigo 60 da
Constituição, de apreciar emenda constitucional.
A eficácia desse sistema, aliás, é
tão indefinida quanto a de Anthony Garotinho como secretário
de Segurança. A unificação de
polícias é uma idéia fixa do secretário Nacional de Segurança,
Luiz Eduardo Soares. É uma
questão de estrutura jurídica que
não leva, forçosamente, à eficiência operacional que é o problema concreto e imediato dos
Estados mais feridos pela criminalidade.
Um componente desde logo positivo na designação de Anthony
Garotinho é a substituição do secretário por ele mesmo criado,
no seu governo, e por ele mesmo
mantido sob Rosinha. A secretaria conduzida pelo coronel e agora deputado federal Josias Quintal produziu mais atritos no nível administrativo, das polícias e
do próprio governo, do que providências inovadoras e eficazes
para atenuar a insegurança pública. Será muito fácil a Anthony
Garotinho mostrar-se mais eficiente. Mas não será suficiente.
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