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COMUNICAÇÃO
De três a cinco agências seriam contempladas para cuidar da propaganda institucional do governo Lula
Publicidade de Lula pode ter licitação genérica
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário de Comunicação de
Governo e Gestão Estratégica,
Luiz Gushiken, estuda fazer uma
licitação genérica para a conta de
publicidade institucional do governo, contemplando de três a
cinco agências de propaganda.
Depois de escolhidas na licitação da Secom, essas agências receberiam serviços de acordo com
as suas especificidades e conforme a demanda do governo, segundo a Folha apurou no Palácio
do Planalto.
O Orçamento da União destina
originalmente neste ano R$ 111,9
milhões para esse tipo de propaganda institucional, embora todos os gastos federais estejam
sendo submetidos a cortes.
Para que a distribuição das
campanhas entre as agências licitadas não seja totalmente sem regras, a proposta em estudo por
Gushiken prevê um limite. Nenhuma das agências poderá, ao final do contrato, ter ficado com
mais de 40% do valor total da conta nem com menos de 5%.
Por meio de sua assessoria, o secretário-adjunto de Comunicação, Marcus Flora, disse que o
modelo "ainda não está formatado" e que não poderia confirmar
os detalhes obtidos pela Folha.
Arcabouço legal
A Folha apurou que o governo
pediu ajuda informal a técnicos
do TCU (Tribunal de Contas da
União) para que o arcabouço legal desse novo processo de licitação não sofra críticas ao ser apresentado. Flora nega que esse contato tenha sido realizado.
Se prosperar essa fórmula trabalhada por Gushiken, o governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) terá muito mais liberdade de ação do que o de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Quando FHC precisava fazer alguma campanha institucional
-o aniversário do Plano Real,
por exemplo-, a Secretaria de
Comunicação tinha sempre de
apelar para algum órgão federal.
No governo tucano, a Casa da
Moeda, o Banco do Brasil e a Petrobras patrocinaram campanhas
do Palácio do Planalto.
Afinidade política
Como as propagandas institucionais incluem informações estratégicas, o governo Lula deseja
ter liberdade para incluir os publicitários que tenham maior afinidade política com o Palácio do
Planalto.
Numa licitação em que cinco
agências sejam escolhidas, fica
mais fácil justificar a escolha de
uma agência amiga.
Além dos cerca de R$ 111,9 milhões da Secom, há também os,
pelo menos, R$ 600 milhões das
contas das empresas estatais e autarquias -sobre os quais Gushiken terá amplo controle.
O publicitário Duda Mendonça,
que foi o responsável pela campanha presidencial de Lula no ano
passado, diz ter trabalhado de
maneira informal para o Planalto.
Um exemplo é a campanha pela
reforma da Previdência.
Formalmente, essas propagandas são produzidas pela Propeg,
agência baiana ligada ao senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). A Propeg tem a conta do Ministério do Planejamento desde o
governo FHC -e, por isso, recebeu a incumbência. Ocorre que
Duda e sua equipe supervisionam
todos os trabalhos e escrevem
parte dos textos.
Se houver uma licitação genérica para cinco agências na Secom,
Duda Mendonça é um dos candidatos a ficar com uma das vagas.
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