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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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PT SOB SUSPEITA

Advogados negam recebimento de propinas em Santo André

Defesa de acusado admite depósitos

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Advogados do empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de um suposto esquema de extorsão na Prefeitura de Santo André, admitem a possibilidade de ele ter recebido depósitos bancários, mas negam que as quantias sejam originárias de propina, como sustenta o Ministério Público.
Sérgio Gomes e outras cinco pessoas -entre elas o vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT)- são acusados de exigirem dinheiro de empresários de transporte urbano para que pudessem entrar no serviço público. Todos negam as acusações.
Os documentos foram entregues à Promotoria pela empresária de ônibus Rosângela Gabrilli. São seis comprovantes, de 97 e 98, que registram depósitos de R$ 65.557 em uma conta de Gomes da Silva no Banespa.
"Pode até ser que tenham ocorrido os depósitos, mas não têm nada a ver com propina", disse um dos defensores de Gomes da Silva, Adriano Salles Vanni. Anteontem, ele havia classificado as novas provas de "ridículas".
"O que queremos agora é comprovar a autenticidade dos comprovantes. Pediremos ainda um exame grafotécnico para saber se houve adulteração", disse Vanni.
Gomes da Silva, apesar de nunca ter ocupado um cargo na administração municipal, era amigo do prefeito assassinado Celso Daniel (PT) e, segundo os promotores, exercia uma influência "parda" dentro da prefeitura.
Vanni afirmou que seu cliente está "tranquilo". Os depósitos, segundo ele, "se existiram", não foram feitos pelo pai de Rosângela, Luiz Alberto Gabrilli Filho, "com quem Sérgio Gomes nunca manteve relações comerciais".
Para comprovar a entrada do dinheiro, a Promotoria pedirá hoje o direcionamento da quebra de sigilo bancário -que já foi decretada pela Justiça- para a conta de Gomes da Silva no Banespa.
"Com a quebra do sigilo bancário, poderemos confirmar a entrada das quantias e o destino dado ao dinheiro", disse o promotor Roberto Wider Filho.
A empresária disse que a cobrança de propina cessou após a morte de Celso Daniel, em janeiro do ano passado -o ex-prefeito coordenava o programa de governo do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Foi substituído por Antonio Palocci Filho, hoje ministro da Fazenda.
"O pagamento sempre era em dinheiro, esses depósitos foram exceções", disse Rosângela.


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