São Paulo, sábado, 25 de abril de 1998

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COORDENAÇÃO
Presidente começa a escolher sucessores para Motta e Luís Eduardo
FHC manda Serra convidar Inocêncio para liderança

France Presse
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende o nome do deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) para substituir Luís Eduardo


FERNANDO RODRIGUES
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso instruiu o ministro da Saúde, José Serra, a convidar o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) para o cargo de líder do governo na Câmara.
Serra telefonou para Inocêncio e o convidou para uma conversa reservada anteontem à noite, no Ministério da Saúde. Os dois estiveram juntos por cerca de uma hora e meia.
A principal missão de Inocêncio seria coordenar a conclusão da votação da reforma da Previdência na Câmara. O governo pretende liquidar o assunto até maio.
Segundo a Folha apurou, Serra disse a Inocêncio que FHC considera o pefelista o único em condições de assumir a Liderança do Governo na Câmara -cargo ocupado por Luís Eduardo Magalhães, morto na terça-feira.
Outros políticos cotados para essa função eram o ex-ministro de Assuntos Políticos e hoje deputado Luiz Carlos Santos (PFL-SP) e o deputado Benito Gama (PFL-BA).
Luiz Carlos foi descartado porque o PSDB de São Paulo o vetaria por sua proximidade com Paulo Maluf (PPB). Benito Gama é considerado com pouca projeção política para a função.
Inocêncio ponderou a Serra que alguns fatores precisavam ser levados em conta antes de dar sua resposta final.
Seria preciso, por exemplo, fazer uma consulta aos principais líderes do PFL: o vice-presidente Marco Maciel, o presidente do partido, Jorge Bornhausen, e o senador e presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães.
Além disso, Inocêncio argumentou com Serra que ficaria numa situação ruim sendo líder do governo. "É como ser um general sem tropa", disse o pefelista.
Quando Luís Eduardo ocupava a função, tinha estreita relação com Inocêncio por serem amigos. A bancada do PFL ficava toda à disposição do governo.
Inocêncio levantou a possibilidade de acumular os dois cargos: o de líder do PFL e do governo. Assim, haveria uma sinalização de que estaria reforçado no cargo.
Serra não disse sim nem não. A acumulação de cargos representa um potencial conflito de interesses. Se algum dia a bancada do PFL se rebelar contra o governo, Inocêncio ficaria sem ter como tomar posição.
Um assunto não foi discutido de forma aberta entre Serra e Inocêncio: o sonho do deputado pefelista de voltar a presidir a Câmara. O pefelista presidiu a Casa de 93 a 95. O PSDB também pretende disputar a presidência da Câmara em fevereiro de 99, quando o cargo ficará vago. Depois da conversa preliminar com Serra, Inocêncio será procurado por FHC. A resposta final de Inocêncio só poderá ser dada na semana que vem.
O convite representa uma indicação de FHC de quais políticos herdarão o trabalho de articulação antes desempenhado por Sérgio Motta e Luís Eduardo.
O fato de Serra ter sido o porta-voz de FHC nessa operação indica que o presidente o elegeu para serviços antes desempenhados por Motta. No caso de Inocêncio, a escolha presidencial é ainda mais explícita, pois o cargo oferecido era ocupado por Luís Eduardo.
Além disso, na terça-feira, FHC pretende fazer uma homenagem pública aos amigos mortos nesta semana. Serra discursará em memória de Motta. E Inocêncio em nome de Luís Eduardo.



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