São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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MILITARES SOB SUSPEITA

Auditoria encontrou irregularidades nas aquisições feitas por hospital do Rio entre 1997 e 1999

TCU vê superfaturamento em compras do Exército

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União constatou indícios de superfaturamento nas compras de gases medicinais pelo HCE (Hospital Central do Exército), no Rio de Janeiro, entre os anos de 1997 e 1999.
Por meio de um ex-fornecedor do Exército, a Folha teve acesso a planilhas de compras dos insumos do HCE de 1997 e 2000 que reforçam a suspeita de irregularidades. Os documentos revelam que, entre 1997 e 1999, quando apenas a White Martins participou do processo de licitação, os preços dos gases medicinais superaram em mais de quatro vezes os de 2000, quando cinco firmas, entre elas a própria White Martins, disputaram a licitação.
Em uma outra investigação, o Ministério Público Militar constatou irregularidades em licitações de 1995 no mesmo hospital. Esse trabalho resultou, anteontem, na denúncia de 12 militares acusados de envolvimento em uma suposta fraude que causou um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões ao hospital. Eles são suspeitos de terem se apropriado de dinheiro público em 1995, quando eram responsáveis pelo controle e fiscalização das licitações no hospital.
Entre as fraudes atribuídas ao grupo estão o favorecimento de um número reduzido de fornecedores e da compra de produtos de empresas que não participavam de processos licitatórios.
As promotoras verificaram que o HCE adquiriu, em 1995, quantidades bastante acentuadas de produtos com preços muito superiores aos de mercado.
No caso das licitações analisadas pelo TCU, segundo dados contidos nas planilhas, em 1997, por exemplo, o HCE teria pago a White Martins R$ 7,80 pelo metro cúbico do oxigênio líquido. Em 2000, passou a pagar R$ 1,35. Cada quilo do óxido nitroso teria sido adquirido pelo HCE a R$ 31 em 1997. Em 2000, o preço caiu para R$ 12,45.O metro cúbico do nitrogênio foi adquirido a R$ 19,90 em 1997. Três anos depois, o HCE passou a pagar R$ 4,80.
O TCU informou que está fazendo diligências no HCE com o objetivo de obter documentos que comprovariam o superfaturamento. O órgão não deu outras informações, alegando sigilo.
A Folha fez contato com o CML (Comando Militar do Leste), que alegou que, como recebeu o telefonema do jornal à tarde, não poderia comentar o caso. Em nota, a White Martins refutou as acusações. Informou ainda que está processando o ex-fornecedor do Exército João Batista Vinhosa por crime contra reputação.


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