|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MILITARES SOB SUSPEITA
Auditoria encontrou irregularidades nas aquisições feitas por hospital do Rio entre 1997 e 1999
TCU vê superfaturamento em compras do Exército
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União constatou
indícios de superfaturamento nas
compras de gases medicinais pelo
HCE (Hospital Central do Exército), no Rio de Janeiro, entre os
anos de 1997 e 1999.
Por meio de um ex-fornecedor
do Exército, a Folha teve acesso a
planilhas de compras dos insumos do HCE de 1997 e 2000 que
reforçam a suspeita de irregularidades. Os documentos revelam
que, entre 1997 e 1999, quando
apenas a White Martins participou do processo de licitação, os
preços dos gases medicinais superaram em mais de quatro vezes os
de 2000, quando cinco firmas, entre elas a própria White Martins,
disputaram a licitação.
Em uma outra investigação, o
Ministério Público Militar constatou irregularidades em licitações
de 1995 no mesmo hospital. Esse
trabalho resultou, anteontem, na
denúncia de 12 militares acusados
de envolvimento em uma suposta
fraude que causou um prejuízo de
cerca de R$ 2 milhões ao hospital.
Eles são suspeitos de terem se
apropriado de dinheiro público
em 1995, quando eram responsáveis pelo controle e fiscalização
das licitações no hospital.
Entre as fraudes atribuídas ao
grupo estão o favorecimento de
um número reduzido de fornecedores e da compra de produtos de
empresas que não participavam
de processos licitatórios.
As promotoras verificaram que
o HCE adquiriu, em 1995, quantidades bastante acentuadas de
produtos com preços muito superiores aos de mercado.
No caso das licitações analisadas pelo TCU, segundo dados
contidos nas planilhas, em 1997,
por exemplo, o HCE teria pago a
White Martins R$ 7,80 pelo metro
cúbico do oxigênio líquido. Em
2000, passou a pagar R$ 1,35. Cada quilo do óxido nitroso teria sido adquirido pelo HCE a R$ 31
em 1997. Em 2000, o preço caiu
para R$ 12,45.O metro cúbico do
nitrogênio foi adquirido a R$
19,90 em 1997. Três anos depois, o
HCE passou a pagar R$ 4,80.
O TCU informou que está fazendo diligências no HCE com o
objetivo de obter documentos
que comprovariam o superfaturamento. O órgão não deu outras
informações, alegando sigilo.
A Folha fez contato com o CML
(Comando Militar do Leste), que
alegou que, como recebeu o telefonema do jornal à tarde, não poderia comentar o caso. Em nota, a
White Martins refutou as acusações. Informou ainda que está
processando o ex-fornecedor do
Exército João Batista Vinhosa por
crime contra reputação.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Estatais: Ex-presidente favorecia corretoras, diz IRB Próximo Texto: Militar exalta tortura e ataca Genoino no plenário da Câmara Índice
|