São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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Militar exalta tortura e ataca Genoino no plenário da Câmara

A AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A pedido de Jair Bolsonaro (PP-RJ), a Câmara realizou sessão solene em homenagem aos militares mortos no combate à guerrilha do Araguaia (1972-1974) marcada por uma série de ataques ao presidente do PT, José Genoino, e ao governo.
O plenário foi ocupado por cerca de 200 pessoas.
Ao lado do filho Flávio, que é deputado estadual no Rio, Bolsonaro conduziu a sessão, basicamente tomada pelo depoimento do militar da reserva Lício Augusto Ribeiro, que chorou duas vezes na tribuna ao contar como prendeu Genoino e detalhar as operações contra os guerrilheiros do PC do B na região que hoje divide Tocantins, Pará e Maranhão.
Ribeiro liderou o grupo que matou o guerrilheiro Zé Carlos, codinome de André Grabois, filho de Maurício Grabois, o mais alto comandante comunista em campo na época.
O ápice do pronunciamento aconteceu quando o militar afirmou se arrepender de "não ter dado uma bolacha" em Genoino, que, disse, entregou os companheiros da guerrilha sem ser torturado.
"Genoino, olha no meu olho. Eu te prendi na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não te demos uma bolacha, coisa de que me arrependo hoje", disse, sob aplausos.
O presidente do PT disse ontem, na sede do PT, em São Paulo, que a sessão "foi um ato revanchista" e negou que tenha dado aos militares informações sobre os guerrilheiros na selva. Também negou conhecer os torturadores e interrogadores. "Quando eu era torturado, era com capuz. E um capuz que tinha um elástico no pescoço."
"No pau de arara, no choque elétrico, em todas aqueles suplícios, as paredes revestidas de eucatex não transmitiam para ninguém que eu não forneci nenhuma informação que prejudicasse a guerrilha", disse.
Genoino completou dizendo que "quem defende a tortura, ou ela mata fisicamente ou psicologicamente. Nenhuma das duas aconteceu comigo".


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