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RUMO A 2006
Ministro diz que calendário deveria ser unificado para economizar recursos
Presidente do TSE defende eleições só a cada seis anos
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), Carlos Velloso, defendeu ontem, em Curitiba,
a unificação do calendário eleitoral para todos os níveis de eleição.
Também defendeu o fim da reeleição e que os mandatos passem
a ser de seis anos. "Se ocorresse
uma ampliação destes [atuais]
mandatos, você faria uma única
eleição em 2008", afirmou.
Ele ressalvou que isso não significa que esteja defendendo a ampliação do mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e dos governos estaduais em dois anos.
Mas não descartou essa hipótese.
"Eu não penso no quadro atual.
Lanço uma idéia em abstrato, não
estou pensando no presidente da
República atual, nos governadores, prefeitos, nenhum deles. A
idéia é posta em abstrato, não em
concreto", afirmou.
O argumento de Velloso é que
um país carente de dinheiro para
as áreas sociais não pode despender R$ 600 milhões -custo de
uma eleição levantado pelo
TSE- a cada dois anos. "Quantas
casas populares ou quantos hospitais poderíamos construir com
R$ 600 milhões?", perguntou.
Pela proposta, a população escolheria do presidente ao vereador em um único pleito e eles seriam mantidos no poder durante
seis anos. Os eleitos para cargos
executivos (presidente, governador e prefeito) estariam proibidos
de tentar a reeleição.
"Só estou lançando uma idéia",
disse Velloso, admitindo que a tese da unificação do calendário
eleitoral leva à prorrogação de
mandatos, "o que não é republicano, mas é a única forma que temos". Ele afirmou considerar a
reforma política "uma necessidade urgentíssima", mas disse ser
contra o financiamento público
das campanhas como modelo para conferir lisura aos pleitos.
Incentivos
Velloso defende adoção de incentivos fiscais como estímulo às
doações de empresas às campanhas eleitorais.
"Dinheiro [público] vivo, acho
que não. Temos outras prioridades", afirmou o presidente do
TSE, voltando aos exemplos de
carências de recursos para programas sociais à população. Para
Velloso, o incentivo fiscal a doadores seria um instrumento contra o "caixa dois" nas disputas.
Velloso afirmou que não saberia avaliar se, antes do término
dos atuais mandatos, ainda há
tempo para uma reforma política.
Mas disse que suas teses têm recebido manifestações favoráveis de
cientistas políticos e de populares.
"O que não sei é do interesse dos
políticos", afirmou.
Sobre a crise política decorrente
dos escândalos dos "mensalão" e
da corrupção em estatuais, o presidente do TSE disse considerar
que a expectativa de investigação
está sendo atendida pelo Congresso Nacional e pelos inquéritos
policiais. "Há uma denúncia, há
uma CPI, então vamos aguardar o
desenrolar das investigações",
afirmou. "É o que o povo brasileiro espera."
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