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ELEIÇÕES 2006/REGRAS DO JOGO
Lula vai aproveitar brechas da lei para fazer campanha
Presidente reclamados limites, mas já concedeu aumentos ao funcionalismo e avisou que trocará inaugurações por "vistorias'
Ironicamente, foi o PT que se empenhou, em 1997, para ampliar as proibições. A sigla temia que FHC usasse o governo durante a eleição
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais de que irá
usar as brechas da Lei Eleitoral
para tirar o melhor proveito
possível do cargo como governante e candidato.
Dois exemplos são a decisão
de conceder aumentos salariais
a categorias do funcionalismo a
menos de 180 dias das eleições,
já que a lei proíbe apenas a "revisão geral da remuneração"
acima da inflação do ano, e a
disposição de visitar obras públicas, porque ele estará impedido de ir a inaugurações somente após 1º de julho.
Em relação aos aumentos, o
presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro
Marco Aurélio de Mello, provocou polêmica nesta semana ao
dizer que os considera ilegais.
O STF (Supremo Tribunal
Federal) apoiou o governo na
quinta-feira, quando a presidente do tribunal, Ellen Gracie,
relatou aos colegas, inclusive a
Marco Aurélio, que havia fechado um acordo com o governo para aprovar o aumento aos
servidores do Judiciário. Ninguém desaprovou a proposta.
Dias antes, Lula revelou a auxiliares que, após tornar oficial
sua candidatura à reeleição, iria
trocar as inaugurações de obras
por "vistorias". Apesar disso, o
presidente tem se queixado
abertamente de outra proibição, como a transferência de recursos federais para Estados e
prefeituras nos 90 dias que antecedem as eleições.
Há um mês, ele afirmou que
essa proibição representa
"atraso na mentalidade política" ao discursar a 70 prefeitos e
autoridades municipais em solenidade no Planalto.
Ironicamente, foi o PT que se
empenhou, em 1997, para ampliar ao máximo a lista de proibições da Lei Eleitoral, aprovada após a emenda da reeleição.
O PT temia que o então presidente Fernando Henrique Cardoso usasse a estrutura do governo. Na época, o então deputado José Dirceu (PT-SP) disse:
"Além de não se desincompatibilizar do cargo, FHC quer ficar
com as mãos livres para usar a
máquina administrativa".
Outro lado
A defesa judicial de Lula será
feita pelo advogado-geral da
União, Álvaro Augusto Ribeiro
Costa, e pelo advogado que for
contratado para representá-lo
como candidato. O primeiro
defenderá os atos do presidente e o segundo, os do candidato.
Procurada pela Folha, a
AGU (Advocacia-Geral da
União) informou que a defesa
será feita caso a caso e que a
orientação é que Lula fique
atento às proibições expressas
da lei. Caso contrário, poderá
ser alvo de ações no TSE por
abuso de poder econômico e de
autoridade. A condenação seria
a cassação do registro da candidatura ou do mandato.
Porém, a AGU tem dito, em
processos já existentes, que o
presidente não pode parar de
governar o país e que os atos
administrativos não se confundem com a campanha. Hoje no
governo, Lula conta com uma
jurisprudência que já existia na
campanha de FHC à reeleição:
o TSE só cassa a candidatura
quando fica provado que o abuso de poder praticado por ele
pode desequilibrar a disputa.
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