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SUCESSÃO
Ministro do Planejamento desautoriza estimativas do comando da reeleição sobre impacto de pacote habitacional
Paiva critica "chute' sobre novos empregos
da Sucursal de Brasília
Em resposta à
queda nas pesquisas de intenção de voto, o
presidente Fernando Henrique Cardoso
acelerou, desde
o mês passado, o anúncio de medidas capazes de reduzir o desemprego no país -principal motivo
apontado para sua impopularidade.
Estimativas de geração de emprego, porém, foram desautorizadas ontem pelo ministro Paulo
Paiva (Planejamento). Segundo
ele, "é chute" dizer, por exemplo,
que as facilidades criadas na liberação de recursos para habitação
vão gerar 1 milhão de empregos,
como chegaram a comemorar integrantes do comando político da
reeleição.
As medidas, em vários casos, em
vez de gerar empregos, vão apenas
manter vagas que poderiam ser
eliminadas no mercado de trabalho. Alguns cálculos consideram
até os empregos indiretos em indústrias de produtos que deixariam de ser vendidos a eventuais
desempregados.
Defasagem
Outros cálculos divulgados pelo
governo usam uma fórmula matemática defasada para estimar o
número de empregos potencialmente gerados mediante investimentos num determinado setor
da economia.
Por isso, Paulo Paiva afirma que
não há como calcular um número
exato de vagas que serão geradas
pelos investimentos do governo. A
meta, segundo ele, é reduzir a taxa
medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
no segundo semestre do ano, período que coincide com a reta final
da campanha eleitoral.
O comando político da reeleição
investe numa taxa mais próxima
dos 6% nas principais regiões metropolitanas do que dos 8,18% medidos em março. A mais recente
taxa divulgada pelo IBGE, de
7,94% (referente a abril), é considerada "intolerável".
Novas medidas para reduzir o
desemprego devem ser anunciadas depois de 6 de julho, data fixada pela legislação eleitoral para o
início oficial da campanha. Uma
das medidas em estudo é agilizar a
liberação de recursos para o Proger (Programa de Geração de Empregos), um dos projetos do
"Brasil em Ação".
O desemprego é o tema central
não apenas do futuro programa de
governo de FHC como de sua
atuação na Presidência. Por enquanto, as medidas têm tido como
principal alvo a criação de vagas
no campo e na construção civil.
Déficit
Com impacto ainda impreciso
no mercado de trabalho, as medidas já teriam contribuído para
frear a queda de FHC nas pesquisas de intenção de voto e até indicar uma pequena melhora na popularidade do presidente-candidato.
Até aqui, o governo afirma que
tem tido o cuidado de impedir que
as medidas tenham impacto direto
nas contas públicas. As liberações
de recursos ou já estavam previstas no Orçamento da União ou foram remanejadas de outras fontes.
"Posso garantir que não há nenhuma gastança e estamos trabalhando para fechar o ano com as
despesas abaixo das receitas", disse ontem o ministro Paulo Paiva.
"Vamos garantir o equilíbrio primário", insistiu, referindo-se ao
cálculo do déficit público que exclui os gastos com juros.
Paulo Paiva disse que a concessão de reajuste salarial aos funcionários públicos civis -estendendo um reajuste concedido aos militares há cinco anos- não contraria o pacote fiscal baixado em
novembro passado.
"Tínhamos previsto um aumento de gasto com o funcionalismo já trabalhando com esse risco", afirmou o ministro. O reajuste deverá custar R$ 500 milhões
neste ano.
O pagamento dos atrasados será
parcelado para não prejudicar as
contas públicas.
Na tentativa de evitar que as medidas de combate ao desemprego
aumentem o rombo nas contas
públicas, o governo vem lançando
mão de recursos do FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador) e do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
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