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Petistas temem eleições estaduais
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pré-candidatos a governos estaduais que esperavam se eleger no
ano que vem na esteira de uma segunda versão da "onda vermelha"
de 2002 agora refazem seus planos. Alguns reavaliam a conveniência de disputar a eleição.
No Rio, Vladimir Palmeira diz
que continua candidato ao governo, mas se assusta por ser cobrado "o tempo todo" pelos eleitores
com que conversa. "O desgaste
está dado. Se o PT não mudar a
imagem de que quer abafar a investigação, vai piorar", diz.
A preocupação dos petistas é
passar uma campanha na defensiva, tendo que dar explicações sobre o comportamento ético do
partido em vez de falar de projetos e planos de governo.
Um pré-candidato a governador de um importante Estado,
que pede reserva do nome, resume a situação. "Estamos muito
pessimistas. Há no partido certa
esperança de que a coisa melhore
até o ano que vem, porque o Lula
permanece popular, mas o sentimento geral é de que os problemas estão só começando."
Outro petista atemorizado, um
integrante da Executiva Nacional,
afirma que a crise criou uma situação sem saída para o partido.
Mesmo que Lula se reeleja, sua
base congressual vai se reduzir.
O partido, antes da crise, esperava reeleger o presidente no primeiro turno e pelo menos dobrar
o número de governadores, para
seis. As bancadas no Congresso ficariam mais ou menos estáveis.
Tal cenário hoje é considerado
irreal no partido, segundo a Folha
apurou. Avalia-se internamente
que a atual bancada de 91 deputados pode cair para cerca de 70.
Mudança de ânimo
A mudança no ânimo de alguns
pré-candidatos é visível. Campanhas que já estavam nas ruas agora se retraem. Em abril, o deputado federal petista Rubens Otoni
dizia à Folha que estava percorrendo Goiás para construir sua
candidatura ao governo. Agora,
ele diz que ela não faz necessariamente parte de seu projeto político, embora assegure que a decisão
não tenha relação com a crise.
Outro pré-candidato petista
que demonstrava entusiasmo há
três meses, o deputado estadual
Cláudio Vereza, do Espírito Santo, na semana passada não quis
atender à reportagem. Estava
ocupado reavaliando sua pré-candidatura ao governo, que por
enquanto permanece.
Afastado a contragosto do Ministério das Cidades, Olívio Dutra
diz que o PT paga o preço de "um
certo relaxamento" quanto à ética. "Cometemos erros na relação
política, por não termos sido eleitos com maioria congressual. O
governo buscou maioria permanente em vez de pontual, em cima
de projetos."
Ele é outro que minimiza a possibilidade de disputar um governo, no caso, o gaúcho, embora seja visto como o nome mais forte
do partido. "Não é meu projeto."
Apontado como candidato natural do PT ao governo do Distrito Federal, o senador Cristovam
Buarque diz não se entusiasmar
com a idéia. Ele prevê a perda do
dividendo eleitoral que a imagem
ética sempre trouxe ao partido.
Em meio ao desalento, o partido
tenta se ater a alguns aspectos
mais animadores, como a blindagem do presidente apontada por
pesquisas recentes. "A crise ocorrer agora é positivo. Temos tempo
para trabalhar", diz Olívio.
Já o senador Aloizio Mercadante, pré-candidato ao governo de
São Paulo, diz que é cedo para calcular o impacto eleitoral. "Quando veio o caso Waldomiro Diniz
[2004], diziam que o PT estava
condenado eleitoralmente, e tivemos votação recorde na eleição
municipal. É imprevisível."
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