WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Karl Marx acharia graça. A chapa presidencial que uniu o trabalho ao capital vive um paradoxo. O ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente pelo Partido dos Trabalhadores, está aumentando seu patrimônio. Já seu candidato a vice, o empresário José Alencar, do Partido Liberal, está "empobrecendo".
Nos últimos quatro anos, o patrimônio de Lula aumentou em um terço. Passou de R$ 320 mil para R$ 423 mil, segundo dados entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já a fortuna de seu vice diminuiu também em quase um terço. Caiu de R$ 13,6 milhões, em 1997, para R$ 9,6 milhões, no ano passado.
"Perder dinheiro com política não é para qualquer um", disse à Folha Alencar, como quem exibe o fato como prova de que não está na política para ficar rico.
Até aqui, pelo menos, Alencar tem sido obrigado a desembolsar grandes quantias para levar adiante suas pretensões políticas. Tanto no PMDB, partido pelo qual foi eleito, quanto no PL, onde está hoje, o vice de Lula é visto como um grande financiador de campanhas.
Para se eleger senador, em 1998, depois de ter sido derrotado como candidato ao governo mineiro em 1994, José Alencar teve de patrocinar sozinho sua campanha. Chegou ao Senado figurando como doador em 128 das 129 contribuições recebidas pelo comitê financeiro de sua campanha. Além dele, só a Companhia Brasileira de Metal e Mineração registrou doação, de R$ 50 mil.
O "empobrecimento" do vice de Lula, porém, é apenas formal. Há oito anos, ele vem doando os seus bens aos três filhos: Josué, Maria da Graça e Patrícia. Já transferiu imóveis e ações que davam a ele o controle das empresas do grupo.


Texto Anterior: Campanha: "Elite brasileira é perversa", afirma Lula
Próximo Texto: Paulistas dominam direção do PT e comando da campanha de Lula
Índice