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NO AR
Batalha campal
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
No início do dia, a marcha
de amanhã ainda era uma
sombra sobre Brasília.
O Bom Dia Brasil avisou que
já haviam sido convocados,
para a manifestação, milhares
de soldados do Exército e da
Polícia Militar.
E por aí foram a manhã e a
tarde, com FHC discursando
contra a "intransigência" que
impede o "diálogo".
Saíram em defesa de FHC
desde o leal Jader Barbalho,
passando por governadores e
ministros, até a Força Sindical,
questionando os que "insistem
em pedir o impeachment do
presidente eleito".
O serviço estava feito -sem
outro lado nenhum.
Pouco antes dos telejornais
da noite, o êxito parecia tão
evidente que o amontoado de
porta-vozes governistas mudou e passou a elogiar a promessa de um ato pacífico.
Mas a televisão que se presta
à "governabilidade", como na
entrevista de FHC no domingo,
que iniciou a reação à marcha,
é a mesma que se alimenta de
cenas de violência.
As imagens da repressão da
tropa de choque aos motoristas
e perueiros, em São Paulo,
abriram os telejornais: bombas
de gás, agressões dos soldados,
cinegrafista e manifestante
sangrando.
Na agourenta manchete do
Jornal da Band:
- Batalha campal. Tropa de
choque acaba com protesto e
espalha pânico.
Foram cenas que deixaram
uma mensagem subliminar: a
marcha pode ser "sem rumo",
como espalhou FHC, mas não é
sem motivo.
Aliás, na primeira manchete
do Jornal da Record:
- No ano passado, a economia teve o pior desempenho
desde 92.
Boris Casoy, mais à frente,
chegou a dizer:
- A manifestação não tem
nada de golpista.
E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br
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