São Paulo, Quarta-feira, 25 de Agosto de 1999
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NO AR
Batalha campal

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

No início do dia, a marcha de amanhã ainda era uma sombra sobre Brasília.
O Bom Dia Brasil avisou que já haviam sido convocados, para a manifestação, milhares de soldados do Exército e da Polícia Militar.
E por aí foram a manhã e a tarde, com FHC discursando contra a "intransigência" que impede o "diálogo".
Saíram em defesa de FHC desde o leal Jader Barbalho, passando por governadores e ministros, até a Força Sindical, questionando os que "insistem em pedir o impeachment do presidente eleito".
O serviço estava feito -sem outro lado nenhum.
Pouco antes dos telejornais da noite, o êxito parecia tão evidente que o amontoado de porta-vozes governistas mudou e passou a elogiar a promessa de um ato pacífico.
Mas a televisão que se presta à "governabilidade", como na entrevista de FHC no domingo, que iniciou a reação à marcha, é a mesma que se alimenta de cenas de violência.
As imagens da repressão da tropa de choque aos motoristas e perueiros, em São Paulo, abriram os telejornais: bombas de gás, agressões dos soldados, cinegrafista e manifestante sangrando.
Na agourenta manchete do Jornal da Band:
- Batalha campal. Tropa de choque acaba com protesto e espalha pânico.
Foram cenas que deixaram uma mensagem subliminar: a marcha pode ser "sem rumo", como espalhou FHC, mas não é sem motivo.
Aliás, na primeira manchete do Jornal da Record:
- No ano passado, a economia teve o pior desempenho desde 92.
Boris Casoy, mais à frente, chegou a dizer:
- A manifestação não tem nada de golpista.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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