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ELDORADO DO CARAJÁS
Para Gregori, se Congresso aprovar federalização de crimes, foro dos PMs pode mudar
Projeto traz caso para a Justiça Federal
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
Se for aprovado
pelo Congresso, o
projeto que federaliza os crimes contra os direitos humanos irá transferir para a Justiça Federal o julgamento de 147 PMs envolvidos no
massacre de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA).
A avaliação é do secretário de
Estado de Direitos Humanos, José Gregori. Segundo ele, a aprovação do projeto poderá atingir até
os três oficiais da Polícia Militar já
absolvidos, desde que o julgamento deles seja anulado.
"Diante da reação da opinião
pública, espero que os deputados
e senadores se convençam da necessidade de aprovar logo essa
emenda num prazo, digamos, de
30 dias. Aí o julgamento de Carajás será transferido para a Justiça
Federal", disse Gregori.
Amanhã, o secretário de Direitos Humanos e o ministro Raul
Jungmann (Política Fundiária)
irão pedir ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), a
criação imediata de uma comissão especial para apreciar a proposta de emenda constitucional.
A investida do governo para
apressar a tramitação do projeto
será feita no mesmo dia em que
acontece em Brasília a "Marcha
dos 100 Mil", protesto organizado
pela oposição e por movimentos
como o MST.
De acordo com o secretário de
Direitos Humanos, a aprovação
da emenda não significa a criação
de lei com efeito retroativo para
prejudicar os réus, o que iria ferir
dispositivos em vigor.
Na sua avaliação, a proposta
não amplia penas porque trata
apenas de matéria processual, como ocorreu com o mesmo caso
em 1996, alguns meses após o
massacre de Carajás.
Na época, o Congresso aprovou
emenda que transferiu da Justiça
Militar para a Justiça Civil estadual o julgamento de crimes praticados por PMs contra civis.
Se o pedido de anulação do julgamento dos três oficiais for anulado, o secretário acredita que o
caso passaria a ser apreciado por
um juiz federal e não mais por um
novo júri popular.
A possível transferência do caso
para a Justiça Federal foi desaprovada pelo presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Reginaldo de Castro. "A princípio, eu entendo que a proposta é
inconstitucional", disse.
Castro afirmou que o fato de o
processo ter saído da Justiça Militar não pode ser usado para justificar uma nova transferência.
Há três anos e três meses, o governo enviou ao Congresso projeto que transfere o julgamento de
crimes praticados contra os direitos humanos para a Justiça Federal. O projeto ainda não foi votado.
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