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Câmara aprova reforma em 2º turno
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quase cinco meses de
tramitação, a Câmara dos Deputados aprovou, às 22h04 de ontem, por 346 votos contra 92, o
texto-base da reforma tributária
em segundo turno. Não houve alterações em relação à votação de
primeiro turno, apesar de o Palácio do Planalto ter negociado várias modificações na proposta
desde que ela chegou à Casa.
Cumprindo o prometido, o PFL
patrocinou manobras regimentais de obstrução e conseguiu arrastar a votação do texto principal
por mais de quatro horas. Apesar
disso, o governo conseguiu 38 votos a mais do que o mínimo necessário, que era 308.
Até o fechamento desta edição,
ainda faltava a votação de dois
destaques (tentativas de alteração
ao texto) apresentados pelo PFL.
A tendência, porém, era de rejeição. Com isso, o texto seguiria para apreciação do Senado Federal,
onde já tramita a reforma da Previdência aprovada na Câmara no
final do mês passado.
"Era uma vitória tão óbvia que
nem deu emoção", afirmou o deputado Eduardo Campos (PE), líder da bancada do PSB. "Eu lamento que esse Congresso tenha
aprovado isso quase sem ler. O PT
conseguiu o milagre de aprovar
um projeto que tem a oposição
unânime da sociedade", afirmou
o deputado federal pefelista Roberto Brant (MG).
Mudanças
Apesar da vitória, os próprios
governistas avaliam que a reforma terá que passar por novas alterações no Senado. Entre outras
coisas, o texto aprovado ontem
prorroga a CPMF (O "imposto do
cheque") e a DRU (Desvinculação
das Receitas da União, que permite o uso livre de 20% das receitas)
até 2007, além de federalizar a legislação e definir novas regras para o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços),
imposto que representa a principal fonte de receita dos Estados.
A análise do mapa de votação
mostra que o comportamento
dos partidos ontem seguiu a tendência da votação em primeiro
turno, no último dia 4, quando
378 votaram a favor da reforma
tributária e 53 votaram contra. A
diferença numérica se deveu ao
fato de que, na primeira votação, a
maioria da bancada pefelista se
retirou do plenário em protesto.
No primeiro turno, 22 deputados dos partidos da base aliada
votaram contra o governo. Ontem, a "traição" ficou em 15. No
PT, a exemplo das outras principais votações da reforma, os únicos votos contrários partiram dos
deputados Luciana Genro (RS),
João Fontes (SE) e Babá (PA), que
devem ser expulsos da legenda.
O principal temor dos governistas ontem acabou sendo resolvido
com uma decisão do presidente
da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), que rejeitou, sem levar a voto,
um destaque do PFL que solicitava a derrubada de uma das novas
regras propostas para o ICMS.
O presidente da Câmara argumentou que o regimento permite
em votações de segundo turno
apenas supressões de texto, não
propostas que alterem o mérito
de regras aprovadas no primeiro
turno de votação.
A regra consiste na transferência de parte da arrecadação do imposto dos Estados de origem das
mercadorias para os Estados de
destino. São Paulo, Bahia e outros
Estados são contra.
"Se tivéssemos sido derrotados
pelo voto, tudo bem, mas na caneta do presidente não dá. Foi um
golpe. Tínhamos certeza da vitória, os governadores se mobilizaram durante toda a tarde para isso", afirmou o deputado federal
Antonio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA).
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