São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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JUDICIÁRIO

Servidores tentarão antecipar próxima assembléia; no interior do Estado, funcionários já voltaram ao trabalho

TJ-SP reabre negociação com os grevistas

UIRÁ MACHADO
DA REDAÇÃO

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Após uma vigília de dois dias em frente ao TJ (Tribunal de Justiça), os servidores do Judiciário paulista, em greve há 89 dias, realizaram ontem, no final da tarde, uma reunião com o presidente do tribunal, desembargador Luiz Elias Tâmbara. No encontro, foi feita uma proposta que pode antecipar o fim da paralisação, que é a mais longa da história.
Segundo os servidores, o TJ disse que retirará todas as punições determinadas ao longo da greve se, na terça-feira próxima, todos os funcionários suspenderem a paralisação e retornarem ao trabalho de forma organizada. Os grevistas tentarão antecipar a assembléia estadual de quarta para segunda-feira.
No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa do tribunal, a proposta é diferente. "O presidente [do TJ] foi bem claro: ele não pode voltar atrás em decisões já tomadas. Ele se comprometeu a tentar amenizar punições, como processos administrativos e desconto dos dias parados", informou um assessor. O reajuste continuaria, em média, de 14,5%.
Em comunicado publicado anteontem no Diário Oficial da Justiça, o TJ determinou a abertura de processos administrativos contra os servidores. A medida pode levar à demissão dos grevistas. O tribunal também decidiu descontar os dias parados, o que poderá ser feito por meio de férias e licença-prêmio.
Após o comunicado, grevistas começaram a voltar ao trabalho em fóruns do interior do Estado.
Durante assembléia ontem, todos os 384 funcionários do fórum de Bauru (343 km a noroeste da capital) decidiram voltar ao trabalho, informou a Associação dos Funcionários do Poder Judiciário.
Em São José do Rio Preto (440 km a noroeste de São Paulo), estimativa do comando grevista indica que cerca de 50% dos 670 servidores que estavam em greve voltaram ao trabalho ontem.
"A decisão de retornar ao trabalho partiu de cada servidor. As pessoas que se sentiram amedrontadas com a atitude do TJ", disse Leonel Ferreira Cavalcante, integrante do comando grevista de São José do Rio Preto.
Em Sorocaba (100 km a oeste de SP), integrantes do comando de greve disseram que cerca de 60% dos quase 600 servidores do fórum voltaram ao trabalho ontem.
Em Campinas, a medida do TJ teve efeito contrário. "Hoje [ontem] tivemos o apoio de servidores que estavam trabalhando e, em solidariedade, resolveram também entrar em greve após o ato do TJ", disse Rosimeire Toledo Lisboa, delegada da Assojuris (entidade que representa os funcionários do Judiciário).


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